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AGENDA CULTURAL

Centenário de Tomie Ohtake

Tomie Ohtake

A primeira das três exposições, “Tomie Ohtake – Correspondências”, que o Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, prepara para comemorar, em 2013, o centenário da artista que lhe dá o nome, estabelece relações de aproximação e contraposição entre a sua produção desde 1956 até 2013 e obras de artistas contemporâneos, de Mira Schendel e Hércules Barsotti a Lia Chaia e Camila Sposati, passando por Cildo Meireles e Nuno Ramos, entre outros.

 

Com curadoria de Agnaldo Farias e Paulo Miyada, a mostra aponta intersecções entre os campos de interesse do trabalho pictórico, como a cor, o gesto e a textura. Segundo os curadores, a partir destes núcleos revelam-se temas e sensações inesperados, tanto na obra de Tomie Ohtake, como na de seus interlocutores.
“Partindo do gesto, por exemplo, somos conduzidos pelas linhas curvas das esculturas de aço pintado de branco de Ohtake, que atravessam o espaço e lhe imprimem movimento, as quais se encontram com a linha inefável dos desenhos Waltercio Caldas e a linha espacial composta pelo acúmulo de notas de dinheiro de Jac Leirner”, explicam.

 

Ressalta também a dupla de curadores, que a curvatura do gesto das mãos de Tomie anuncia-se nos indícios da circularidade presentes em suas primeiras telas abstratas produzidas na década de 1950 e culmina no círculo completo e na espiral, formas recorrentes nas últimas três décadas de sua produção. Esse percurso é apresentado em companhia de obras que extravasam o interesse construtivo da forma circular, procurando relações com o corpo do artista e com estratégias de ocupação do espaço, como nas obras de Lia Chaia, Carla Chaim e Cadu.

 

Uma vez que se forma o círculo, discute-se a cor, pele que corporifica toda a produção de Tomie e fundamental aos artistas que são apresentados nesse grupo. “De contrastes improváveis a variáveis que demonstram a profundidade latente em um simples quadro monocromático, exemplos de pinturas dos anos 1970 figuram lado a lado com obras recentes de Tomie e com telas de especial sutileza na produção de artistas como Alfredo Volpi, Paulo Pasta e Dudi Maia Rosa”, destacam os curadores. Segundo eles, em Tomie, a cor é sempre realizada por meio da textura e da materialidade da imagem, que foi deixada a nu em suas “pinturas cegas” do final da década de 1950.

 

Completa o pensamento curatorial a tese de que há uma longa linha de experimentos que desfazem a ilusão da neutralidade do suporte da imagem pictórica, a qual se inicia muito antes das colagens cubistas e possui um momento decisivo nas iniciativas que ousaram liberar-se do verniz em parte de algumas pinturas realizadas no século XIX. “Essa linha de experimentos tem em Tomie uma pesquisadora aplicada, que pode reunir em torno de si figuras tão distintas como Flavio-Shiró, Arcangelo Ianelli, Nuno Ramos, Carlos Fajardo e José Resende”.

 

Em agosto, os estudos de Tomie – desenhos, projetos de esculturas, colagens etc – serão tema da próxima mostra comemorativa de seu centenário em 21 de novembro de 2013. Já no mês em que a artista completa 100 anos, o Instituto inaugura uma grande exposição, “Gesto e Razão Geométrica”, com curadoria de Paulo Herkenhoff e lança um novo livro sobre a obra pública de Tomie.

 

No mês de fevereiro ainda será inaugurada no dia 23 de fevereiro ( com duração até 23 de março), na Galeria Nara Roesler, Jardim Europa, São Paulo, SP, exposição individual da artista, também com curadoria de Agnaldo Farias, apresentando esculturas recentes e sua nova série de pinturas 2012/2013. “Nossa grande artista apresenta duas sereis inéditas de pinturas monocromáticas, uma demonstração da sua maestria em expandir as cores trabalhando-as em profundidade, criando atmosferas luminosas ou ensombrecidas”, afirma o curador.

 

De 06 de fevereiro a 24 de março.

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