A Galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP, retoma a série “A Revolução tem que ser feita pouco a pouco”, um programa anual de exposições, sob curadoria de Jacopo Crivelli Visconti. A mostra propõe ao visitante diferentes leituras sobre a produção contemporânea, independentemente de seu quadro de artistas. A segunda parte das quatro que completarão a série “A quadratura do círculo”, apresenta obras que buscam fundir o transitório e o eterno. O curador partiu da célebre definição de Baudelaire, em “O pintor da vida moderna” afirmou: “a modernidade é o transitório, o fugitivo, o contingente, a metade da arte, cuja outra metade é o eterno e o imutável”.
Em “A quadratura do círculo”, Jacopo selecionou 15 trabalhos de cinco artistas que trazem uma situação, um evento ou um dado acessório ou pessoal, na maioria das vezes aparentemente insignificante mas que, ao ser incorporado à obra, torna-se “eterno e imutável”.
Francesco Arena usa lápide e nomes para ao contrário de tentar imortalizá-los, apagá-los, enquanto Nuno Sousa Vieira retira do armazém onde funcionou a fábrica do pai a matéria prima de suas esculturas. Por sua vez, o desenho realizado por Carla Chaim na parede da galeria, efêmero e, contudo, imortalizado em vídeo, traz as dimensões que resultam nas medidas do corpo da artista. Outro trabalho que guarda a memória do corpo é a série sobre papel concebida por Célia Euvaldo há mais de vinte anos, cujas formas eram definidas pela extensão de seu braço. Já Felix Gmelin tenta capturar em suas pinturas a essência de um enigmático vídeo caseiro feito pelo pai, muitos anos antes.
A palavra de Jacopo Crivelli Visconti
A frase que dá nome à série “A Revolução tem que ser feita pouco a pouco”, explica Jacopo, foi retirada de uma entrevista recente de Paulo Mendes da Rocha, que remetia à necessidade de uma revolução nas metodologias da construção civil e, metonimicamente, na cidade e na sociedade como um todo. “No novo contexto, a frase mantém seu fascínio, mas adquire outros significados, apontando, em primeiro lugar, para a necessidade constante de uma galeria de arte de transformar-se, acompanhando as mudanças incessantes da produção artística e (aqui também poder-se-ia falar em metonímia, ou até em premonição) da sociedade”.
“Fundir o transitório com o eterno, o que é contingente, efêmero, íntimo, único e pessoal, com o que é eterno, público e universal, é o desafio impossível, a quadratura do círculo proposta pelas obras que integram esta segunda parte de A revolução tem que ser feita pouco a pouco”, explica o curador.
Até 18 de agosto.