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A realidade em Lucian Freud


Um dos pintores mais importantes do século 20, Lucian Freud, é o atual cartaz do MASP-SP, Paulista, São Paulo, SP. O artista que morreu há dois anos em Londres, onde se radicou depois de fugir da Alemanha nazista, fez fama e fortuna retratando pessoas que encontrava no dia a dia: desde sua mulher ao açougueiro. Também retratou personagens do underground londrino, como o travesti Leigh Bowery, quase sempre nus e em poses que fogem do padrão.
São gordos, suados, carecas. De pernas abertas, o sexo exposto, rugas e marcas de expressão exacerbadas, a pele como espécie de histórico sulcado de vidas nada fáceis. São seis pinturas de quase todas as fases de sua carreira, dos anos 1940 aos anos 1980, e mais de 40 gravuras e fotografias de seu ateliê, onde seus modelos chegavam a posar ao longo de anos para uma única tela ficar pronta.
Das 78 obras na mostra de Lucian Freud que o Masp abre hoje, só seis são pinturas, embora esse seja o meio de expressão que o consagrou.
Uma delas foi Sue Tilley, fiscal do serviço social britânico, que posou nua para Freud. Seu retrato, uma mulher gigantesca, seus volumes de pele e gordura transbordando de um sofá kitsch. Esse e outros retratos nada convencionais acabaram tirando o artista da reclusão.
Artista que despontou no auge das estripulias dos Jovens Artistas Britânicos, entre eles Damien Hirst e Tracey Emin, Freud se manteve figurativo, no sentido quase clássico do termo, fiel ao retrato acima de tudo.
“Uma apreciação completa da obra de Freud só foi possível nos últimos anos”, diz Richard Riley, curador da mostra no Masp. “Até pouco tempo atrás, ele era visto como uma figura reacionária à arte contemporânea, um excêntrico fora da realidade.”
Mas é na cruel realidade acentuada nas telas de Lucian Freud que está seu vigor, bem mais do que em muitas e qualquer obra de seus contemporâneos. “Ele tinha fascínio pela textura da pele e montanhas de carne humana”, diz Riley. “É um retrato inabalável e sem medo da forma humana verdadeira.”
Com exceção de uma pintura que representa a cabeça de um galo (morto) e de uma gravura que mostra um fragmento do jardim do artista, em Londres, todas as obras de Lucian Freud expostas no Masp são retratos.
Até 13 outubro.

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