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AGENDA CULTURAL

A riqueza cultural de Eduardo Ver

Devido às dificuldades logísticas causadas pelas enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul, a abertura da exposição “Sacro Ofício” de Eduardo Ver foi primeiramente adiada. E agora, vale conhecer a riqueza cultural e simbólica do Brasil através das 16 xilogravuras únicas de Eduardo Ver, que destacam as influências e tradições indígenas, negras e caboclas no Espaço Força e Luz, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, Centro Histórico, Porto Alegre, RS.

Sobre o artista

Eduardo Ver nasceu em 1979, em São Paulo-SP. Vive e trabalha em São Paulo-SP. Desde muito jovem, Eduardo Ver já praticava o desenho como uma ferramenta lúdica para se conectar com outras histórias. O interesse pela Xilogravura, seu principal foco de pesquisa, deu-se a partir da sua experiência na Universidade Cruzeiro do Sul, no começo dos anos 2000. Foi também durante esse período que o artista bateu a porta do Atelier Piratininga, onde permaneceu por mais de sete anos, até 2012. Sob orientação do artista gravador Ernesto Bonato, Eduardo Ver aperfeiçoou-se na técnica e produção da gravura, encontrando de fato a prática que o guiaria na sua trajetória como artista. A técnica utilizada por Eduardo Ver aplica diversas camadas de impressão sobre o papel, ou seja, para cada xilogravura, ele produz várias matrizes, que são sobrepostas até atingir um certo grau de tridimensionalidade. Segundo o artista o objetivo é atribuir ritmo às obras, fazendo com que todos os elementos convivam em harmonia, num verdadeiro estado de confraternização. A “magia” dessa complexidade processual proporciona ao espectador um tipo de transe visual, proposto pelo artista para estabelecer uma relação direta com os rituais de Umbanda, religião de matriz africana e brasileira, que abriga o mesmo sincretismo identificado no trabalho de Eduardo Ver. Essa mistura de referências nos trabalhos do artista geralmente está associada a elementos da natureza, como plantas e animais, figuras de Orixás e de santos católicos, além de objetos alegóricos. Símbolos da Geometria Sagrada também são identificados, juntamente com outros que fazem alusão tanto aos povos originários do Brasil, quanto ao Sufismo, religião mística do Islamismo, como os arabescos, por exemplo. A todo esse inventário cultural diversificado, o artista atribui uma paleta elegante de cores, inspirada pelos exercícios de observação das plantas que encontra na natureza e nas floriculturas próximas da sua residência, na zona leste da cidade de São Paulo. Nos seus quase vinte anos de produção artística, Eduardo Ver desenvolveu uma cadência conceitual bastante original e um rigor técnico e formal apurado, muito dos quais adquiridos a partir da sua experiência com projetos gráficos. De seu estúdio, chamado por ele de “Gráfica talhando em silêncio”, saem por exemplo ilustrações para publicações, como livros de cordéis, cartazes e lambes, que podem ser encontrados nos espaços urbanos de São Paulo.

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