Há cinco anos sem realizar uma exposição com apenas trabalho inéditos, Adriana Varejão apresenta a recém-criada série “Polvo” no Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP. O “Polvo” é fruto de uma pesquisa de forte caráter conceitual, desenvolvida ao longo de 15 anos, sobre a representação das cores de pele dos brasileiros e a ambivalência das definições de raça no país.
O ponto de partida foi o resultado da pesquisa do IBGE de 1976, que deixou em aberto a pergunta Qual é a sua cor?. O resultado foram 136 diferentes termos, alguns inusitados e muitos deles, figurativos, em contraponto aos cinco grupos estabelecidos: branco, preto, vermelho, amarelo e pardo. Adriana escolheu os 33 mais exóticos, poéticos e significativos e, a partir deles, criou as suas próprias tintas a óleo baseadas em tons de pele. Assim, surgiram as cores Fogoió?, Enxofrada, Café com leite, Branquinha, Burro quando foge, Cor firme, Morenão, Encerada e Queimada de sol, entre outras.
O resultado deste processo é um objeto de arte: uma caixa com 33 tubos de tinta (com tiragem de 200 exemplares), além da série de pinturas elaboradas a partir destas tintas, que criam um imenso painel. As telas são retratos de Adriana, executadas por outros pintores retratistas, com intervenções da artista. A cor da pele é neutra, acinzentada, com pinceladas geométricas e de inspiração indígena, realizadas com os tons das tintas Polvo. Acompanhando os retratos, pinturas circulares abstratas trazem a escala destas mesmas tintas. E todo o conjunto mantém a estreita relação com seus trabalhos anteriores, sempre lidando com questões como a miscigenação, o colonialismo e a cor da pele.
No dia 24 de abril, ela abre outra mostra “Polvo”, na Lehmann Maupin Gallery, em Nova York, com 12 retratos.
Panorâmica: Pela primeira vez, a artista ganhará uma panorâmica numa grande instituição pública americana. A mostra, ainda sem titulação, será aberta no dia 18 de novembro no Institute of Contemporary Art, em Boston.
Até 17 de maio.