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AGENDA CULTURAL

Agnieszka Kurant no Brasil

A galeria Fortes Vilaça, Vila madalena, São Paulo, SP, exibe a primeira exposição individual no Brasil, da artista polonesa Agnieszka Kurant apresentando uma série de trabalhos que tem como fio condutor o seu interesse por elementos fugazes ou imperceptíveis. Estes elementos norteiam as obras que tem suportes diversos e fazem referências à historia, à ciência e à literatura.

 

A idéia de um “capital fantasma” (Phantom Capital), que dá título à exposição, permeia todos os trabalhos na mostra. Este conceito se refere a uma troca de valores simbólicos, de forças intangíveis ou invisíveis que muitas vezes influenciam nossa sociedade sem que necessariamente tenhamos consciência disto.

 

Na obra “Phantom Library”, a artista produz livros imaginários, títulos que nunca foram escritos, lidos ou publicados mas que aparecem em livros reais de autores como Stanislaw Lem, Roberto Bolaño e Jorge Luis Borges, entre outros. Kurant os apresenta como objetos esculturais para os quais ela comprou números de ISBN e adquiriu códigos de barra dando-lhes assim um status no mundo material.

 

Já “MacGuffin” é uma escultura em forma de tapete que se move misteriosamente. O tapete é uma reprodução de um dos tapetes na sala da conferência de Yalta, onde os líderes mundiais definiram a divisão do mundo no pós guerra. O título da obra é um termo de técnica narrativa que define um objeto ou pessoa cuja importância não se define na trama, de certa forma como um fantasma.

 

Em88,2 mhz”, – o título da obra muda de acordo com a frequência de rádio utilizada na exposição -, um toca-fitas com um rádio transmissor, emite o som de pausas silenciosas extraídas de diferentes discursos políticos, intelectuais ou econômicos. O som é captado por uma antena que o retransmite para um rádio em um terceiro espaço da exposição. A fita com a compilação de silêncios é, por sua vez, a concretização de um trabalho fictício existente no conto de Heinrich Boll “Murke’s collected Silences” , de 1955.

 

A exposição também inclui um mapa-mundi retratando ilhas inexistentes, inventadas por exploradores do passado, impresso com tinta termo sensível que faz a imagem desaparecer conforme o calor. E “Uncertainty Principle”, uma escultura em forma de uma ilha que “magicamente” levita no ar, entre outros trabalhos na mostra, aos poucos revela o universo do desconhecido que alimenta a obra conceitual de Agnieszka.

 

Sobre a artista

 

Agnieszka Kurant nasceu em 1978 na Polônia e vive e trabalha em Nova York. Representou seu país natal na Bienal de Veneza em 2010 com um trabalho em colaboração com a arquiteta Aleksandra Wasilkowska. Já participou de exposições individuais e coletivas tais como, CoCA, Torun, PL, 2012; Witte de With, Rotterdam, 2011; Performa Biennial, Nova York, 2009; Athens Biennale, Greece, 2009; Frieze Projects, London 2008, Moscow Biennale, 2007; Tate Modern, London, 2006; Mamco, Geneva, Italy, 2006 and Palais de Tokyo, Paris, 2004; entre outras. Foi artista residente na Location One, Nova York, 2011-2012; Paul Klee Center (Sommerakademie), Bern, 2009; ISCP, New York 2005; e Palais de Tokyo, Paris, 2004. Foi finalista, em 2009, do International Henkel Art Award, MUMOK, Vienna. Sua monografia “Unknown Unknown” foi publicada pela editora Sternberg Press,  2008.

 

Até 23 de março.

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