Completando 40 anos de carreira, artista apresenta pinturas e gravuras inéditas na Casa de Petrópolis, na serra fluminense, onde mantém ateliê. Quem conhece a artista Ana Durães sabe que a delicadeza rege sua vida e sua arte intrinsicamente, assim como sua conexão com a natureza. Isso está perceptível, pulsando, na exposição “Ana Durães – Diálogos da Paisagem”, que abre para visitação a partir do dia 11 de novembro, na lendária Casa de Petrópolis, sob curadoria de Monica Xexéo. A individual que permanecerá em cartaz até 25 de fevereiro de 2024, é realizada pela Galeria Patricia Costa, que a representa, e reúne trabalhos desenvolvidos nos últimos três anos em seu ateliê no Vale das Videiras, cidade serrana fluminense, a partir do jardim projetado pelo botânico e paisagista francês Auguste François Marie Glaziou (Lannion, França, 1828-Bordeaux, França, 1906), para a residência do empresário José Tavares Guerra (1861-1907), bisavô de Luiz Aquila, um dos herdeiros do icônico casarão do século XIX. Atualmente, abriga a Casa de Petrópolis – Instituto de Cultura, reconhecida por seus inovadores projetos de inclusão e acessibilidade da arte contemporânea brasileira. Com esta exposição, Luiz Aquila encerra sua gestão “com chave de ouro”, como ele mesmo frisa, no espaço cultural. No ano que vem, em fevereiro, está programada uma roda de conversa finalizando esta etapa.
“A obra de Ana Durães é um dos mais belos exemplos contemporâneos da pintura de paisagem, gênero cultivado ao longo da história da arte por artistas brasileiros e estrangeiros. Com sólida e erudita formação, retrata com escrita própria, em muitos dos seus trabalhos, as suas investigações de botânica e sua preocupação com a preservação da natureza”, afirma a curadora Monica Xexéo.
A coloração das sapucaias com suas variações do bordô ao rosa, misturadas ao verde, impressionou Ana Durães ao chegar um dia na cidade. Estarão expostas obras inéditas em tinta a óleo de grandes formatos, além de outras impressas em fine art em papel de bambu e hemp – resultado, segundo ela, de uma pesquisa em que fotografa a natureza reproduzindo como uma “paisagem inventada” de sua janela no período em que permaneceu reclusa na serra. “Desde que o Aquila me convidou para fazer essa exposição fiquei muito feliz e honrada; Petrópolis tem uma representação muito importante na minha vida, principalmente nos últimos tempos. A ideia do ateliê no Vale das Videiras, que mantenho há mais de 10 anos, foi justamente a de ter um lugar onde eu pudesse pintar dentro da paisagem”. Fui muito bem acolhida pela cidade e posso dizer que a delicadeza das pessoas do lugar foi o fator primordial para mim”, diz Ana Durães. “Se eu puder levar para alguma pessoa um sopro de beleza, um respiro, é o que me proponho a fazer”, resume.
Sobre a artista
Natural de Diamantina, Minas Gerais, Ana Durães iniciou a sua formação artística na tradicional Escola Guignard, em Belo Horizonte, criada em 1943 e, hoje, vinculada a Universidade do Estado de Minas Gerais. Na década de 1980, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, onde cursou a Escola de Belas Artes, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Hoje, a artista se divide entre Petrópolis e Lisboa, onde mantém outra residência e contatos profissionais e afetivos.