A primeira exposição individual de André Griffo que recebeu o nome de “Reúso e Retardo”, apresenta três objetos, três desenhos e duas pinturas, e acontece na Galeria Athena Contemporânea, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, com curadoria da expert Vanda Klabin. O artista utiliza troncos secos, crânios de boi e patas de porcos em seus trabalhos. Isso se deve ao fato do crescimento na fazenda em Barra Mansa, onde convivia com animais e o vasto maquinário de seu pai, que colecionava ferramentas de todo o tipo, o que remetem a ele e à Arquitetura. André vem se dedicando às artes plásticas em seu atelier em Barra Mansa e as recordações de sua infância são temas recorrentes em suas obras. Arquiteto de formação, André Griffo cria uma mitologia individual ao se nutrir de sua própria experiência. Utiliza um vocabulário muito expressivo no seu procedimento artístico através da adoção de objetos do cotidiano, construído em consonância com materiais industriais. Seu trabalho explora temas que envolvem uma parceria complexa entre o homem e a natureza, objetos transfigurados que se referem a experimentos pessoais impregnados de uma carga psicológica. Isso ocorre ao incorporar a subjetividade no seu plano visual e utilizar uma fusão de diferentes elementos como animais, grades, lanças e armas medievais, colunas de ordem gregas, capacetes, entre outros.
O artista cria núcleos significativos que são incorporados ao seu trabalho, ao manipular imagens pré-existentes na busca de uma interlocução incessante de diferentes elementos, encontrados nas lojas de materiais de construção e de ferro velho. Suas obras remetem aos vestígios do universo urbano e rural, onde o artista acrescenta valores estéticos aos fragmentos e aos objetos, elementos essenciais para a sua composição de trabalho. André Griffo cria um repertório plástico que incorpora uma subjetividade no plano visual ao reificar e alterar a forma da natureza dos objetos, A partir da moldagem de alguns objetos, preservada no sal grosso e devidamente perfuradas, realiza a edição de fragmentos de um corpo animal , que toma uma forma predominante como uma matriz que o artista reproduz na forma original, quase como um carimbo em série e reativadas em outros territórios.
Na escala expansiva da superfície da tela, a sua pintura é concebida em várias camadas, sobreposições quase monocromáticas e adquirem uma opacidade onde o efeito da pincelada, pelo uso da tinta acrílica, vai sendo aos poucos apagada, esvanecida, como algo prévio que precisa ser escondido. As imagens se acumulam na superfície da tela, sem hierarquia ou unidade de tempo, mas com diferentes significados entre si. Existe ainda a presença de uma troca entre diferentes linguagens e procedimentos como o desenho, a pintura e escultura. A engenhosidade dos desenhos prévios é um elemento importante para o resultado estético de sua obra.
A especialização em pequenos estudos minuciosos, evidenciam trabalhos que saem uns dos outros e que adquirem caminhos diferentes. Nessa ambiguidade existente nas superfícies planas e no volume escultórico, predomina uma independência dos elementos entre si, uma disjunção entre as partes, que se deslocam com acréscimos de novos elementos na forma tridimensional, atrav;es de mecanismos duchampianos de apropriação de objetos existentes. Na sua edição de fragmentos de um corpo, seja de chifres ou patas de porco suspensos sob tensão, calibradas e chumbadas por cabos de aço e bases de concreto – o artista tenta recuperar a intensidade da obra, o volume desse corpo dentro do espaço, e agora exibe o seu conflito de forças, interagindo na relação com o espaço da galeria e seus componentes: desenha, disseca e articula a relação entre as peças, traz uma linha de força que passa pela roldana e pesos como pontos de força que são devidamente distribuídos. O artista interage com o espaço da galeria e os campos de força ganham potência, tanto no campo pictórico como no espaço escultórico. Esses fragmentos do corpo são o agente do espaço, presença enigmática, que tecem um imprevisível diálogo visual, um sistema de signos que necessita ser ainda decifrados.
Sobre o artista
Admirador de Francis Bacon, Luiz Zerbibi e Adriana Varejão, André Griffo iniciou sua carreira profissional como arquiteto. Durante os cinco anos em que atuou na área, foi, cada vez mais, ouvindo seu feeling direcionando-o a trilhar o caminho das artes. O contato e conhecimento sobre o assunto durante a faculdade fez com ele repensasse o que gostaria de realmente de se doar. Além disso, segundo Griffo, o trabalho como artista faz com que ele possa se permitir à uma abrangência de ideias muito superior e infinita, saindo do campo específico. André decidiu se especializar e foi atrás de cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage comandados por artistas consagrados como Anna Bella Gieger, além de ter sido aluno dos críticos e curadores Fernando Cocchiarale, Daniela Labra e Marcelo Campos. Durante seu crescimento como artista, Andre participou de uma série de salões de arte pelo Brasil.
De 05 de setembro a 05 de outubro.