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AGENDA CULTURAL

Antonio Bandeira – da Razão à Sensibilidade

O Espaço Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe conjunto expressivo de obras de Antonio Bandeira. A exposição, um panorama da produção artística de Antonio Bandeira, um dos precursores da arte abstrata no Brasil, apresenta um conjunto de 70 obras, entre aquarelas, desenhos e pinturas. Artista pertencente à corrente abstracionista, sua arte é apaixonante. Influenciou gerações de artistas, bebeu na fonte do cubismo, do surrealismo e do expressionismo, ao mesmo tempo em que trata estas referências de uma forma absolutamente pessoal, realizando uma verdadeira “antropofagia pictórica”. A mostra exibe também dois filmes sobre o artista, além do filme “O Colecionador de Crepúsculos” de J.Siqueira.

 

Segundo o curador Marcus de Lontra Costa, o artista marca o amadurecimento da arte moderna no Brasil. “O Bandeira foi o nosso primeiro grande pintor moderno brasileiro internacional, quando a arte brasileira dialoga de igual para igual no mundo. Ele não fazia modernismo brasileiro, ele fazia modernismo”.

 

Sobre o artista

 

Antonio Bandeira, precursor da arte abstrata no Brasil, nasceu no Ceará em 1922. Aos 20 anos participou ativamente da cena artística em Fortaleza, com Aldemir Martins, Inimá de Paula, Mário Barata e Raimundo Cela criam o Movimento Modernista de Fortaleza, findo o grupo, enviou um trabalho para o Salão Paulista de Belas Artes no qual foi premiado com a medalha de Bronze. Morou no Rio de Janeiro por um ano, participando ativamente da vida intelectual da cidade. Voltou para Fortaleza em 1945 quando recebeu uma bolsa de estudos do governo francês e mudou-se para Paris.

 

Sobre a obra do artista, Mário Barata diz que era “um revolucionário em arte. Leva uma bagagem onde há coisas notáveis. O desenho de Bandeira nada tem de educado, de estudado, é espontâneo, livre, audacioso. A paleta nunca é fixa, mutável como os assuntos. O que mais existe nos trabalhos de Bandeira é poesia, esta sim, perene”. Em entrevista a Milton Dias nos anos 1950, vem a afirmação definitiva de Bandeira sobre sua obra: “Nunca pinto quadros. Tento fazer pintura. Meu quadro é sempre uma sequência do quadro que já foi elaborado para o que está sendo feito no momento, indo esse juntar-se ao quadro que vai nascer depois. Talvez gostasse de fazer quadros em circuitos, e que eles nunca terminassem, e acredito que nunca terminarão mesmo.” Volta ao Brasil em 1951, reconhecido, expõe no Rio, em São Paulo, Salvador e participa da I Bienal. Vive no Brasil até 1953, expondo com sucesso aqui, na Europa e nas Américas, quando recebe o prêmio Fiat na II Bienal de São Paulo e viaja para a Itália. Volta ao Brasil em 1959, vive entre Fortaleza e o Rio de Janeiro. Em 1960, Lina Bo Bardi, convida o artista a inaugurar o Museu de Arte Moderna da Bahia, com uma exposição de 31 trabalhos. Em 1964, com o golpe militar, o artista retorna a Paris. Morre em 1967, vítima de anestesia de uma operação cirúrgica nas cordas vocais.

 

Até 09 de junho.

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