Fragmentos e camadas de cores dão forma a máscaras carregadas de simbologia. Essa é a temática da exposição “Superfícies em conflito” do cubano Alexandre Arrechea, que após mais de uma década atuando junto ao coletivo Los Carpinteros, apresenta mostra individual no Rio de Janeiro. A exposição fica em cartaz até o dia 31 de agosto, na Galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de janeiro, RJ e apresenta 12 trabalhos em diversos suportes, que vão das tradicionais telas à tapeçaria, papéis artesanais de cânhamo, linho e algodão, e videoinstalação.
As obras nos remetem, em um primeiro momento, às máscaras africanas, impressão essa confirmada pelo curador Rodolfo de Athayde, que destaca em texto curatorial as influências de Picasso e Malevich. As máscaras de Arrechea, sem olhos e sem bocas, de aparência enigmática, podem ser lidas a partir da problemática cubana com relação a liberdades e direitos humanos.
Mas esses trabalhos vão além: evocam estruturas urbanas, tanto em sua construção – que utiliza linhas, sulcos, texturas e sobreposições geométricas, lembrando os tradicionais bairros cubanos, suas casas e arquitetura – quanto na intenção de revelar, também filosoficamente, “as camadas da ação humana no tempo”. Dessa forma, o que inicialmente pode parecer uma obra de rápida assimilação, oferece, em seguida, outras possibilidades interpretativas.