Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Arthur Chaves – Tem uma bruxa no quintal”, com trabalhos inéditos do artista carioca nascido em 1986, e que vem se destacando no cenário da arte contemporânea com suas obras feitas com uma mistura de materiais e técnicas, como pintura, desenho e costura em peças de tecido, mas sem forma definida em suas peças. A mostra dá continuidade ao programa de individuais de artistas que estão se destacando no circuito de arte, realizadas no segundo andar da galeria. O crítico Agnaldo Farias é o autor do texto que acompanha a exposição.
De 2007 a 2017, Arthur Chaves participou de exposições no Jacarandá, na Casa França Brasil, na EAV Parque Lage, no Rio de Janeiro; na The School for Curatorial Studies, em Veneza; e no Ateliê Subterrânea, em Porto Alegre. É professor do curso Procedência e Propriedade, no Ateliê Novo Mundo, Rio de Janeiro.
Na Anita Schwartz o artista apresentará uma série nova, diferente de sua produção recente. Lá, reunirá dois grupos de trabalhos: os feitos em dois planos – embora contenham colagens que extrapolam uma ideia de superfície reta – e os compostos por aglomerados de tecido, mais fluidos. Todas as obras estarão penduradas na parede, mas o artista ressalta que ele vê os aglomerados de tecido “quase uma roupa sem corpo, um casulo, como se algo tenha passado por ali e não sabemos o que é”.
Um dos trabalhos conterá uma grande placa espelhada que se relaciona com as várias superfícies dos tecidos, como “um portal para outro espaço”, embaralhando a percepção do público, e criando um clima de confusão e mistério, onde as imagens vão se revelando. “Meu trabalho se vale deste ambiente meio nebuloso”, diz o artista.
No contêiner, no terraço da galeria, Arthur Chaves complementará a exposição com um site specific, praticamente transferindo seu ateliê para lá, e produzindo a instalação durante uma semana, contendo todos os elementos que envolvem seu processo de criação. “É uma tentativa de dar conta de uma ordem mais conceitual do trabalho”, comenta.
Obras em tecidos como desenhos
A imagem de pinturas acompanha o artista desde a infância, “tanto na bíblia ilustrada da família, como em um livro de história da escola”, e são uma referência importante. Entretanto, Arthur Chaves diz que ainda que várias pessoas digam que seu trabalho é pintura, não é desta forma que ele vê. “Não uso tanto a fatura do pintor, a ideia da execução de uma imagem”, observa. “As obras feitas apenas com tecidos são uma espécie de combustível no meu trabalho, e penso neles como desenhos, embora não saiba se esta é a nomenclatura mais correta, mas sem dúvida partem do raciocínio do desenho, que envolve massa, linha…” “São desenhos com limites mais formais e geométricos, misturados com a falta de controle que os tecidos trazem”, explica. “Têm a natureza do desenho, mais verdadeiro. É o osso, a estrutura, o que acontece antes”. Ele conta que “a partir desse raciocínio, as coisas foram se expandindo, principalmente para os trabalhos que estão em dois planos, ainda que não envolvam apenas papel”. Trabalho sobre uma placa plástica leve, e uso basicamente tecidos e papeis, de várias naturezas. Desde os mais simples, comprados na Saara, até um linho nobre que pertenceu à família de uma amiga”, conta.
Sobre o artista
Nascido no dia 1º de março de 1986 no Rio de Janeiro, mas criado em Seropédica, região rural do estado, Arthur Chaves é formado em design de moda pela Universidade Veiga de Almeida, 2007, Rio de Janeiro. Ele se dedica ao desenho em suas múltiplas acepções. Suas últimas obras conciliam pintura, desenho e costura em peças de tecido sem forma definida.
De 1º a 31 de março.