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AGENDA CULTURAL

As armas de Marcela Tiboni

A Central Galeria de Arte, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta a primeira individual de Marcela Tiboni, realizada a partir de uma residência da artista na própria galeria, para onde provisoriamente transferiu o seu ateliê. Marcela Tiboni confeccionou em madeira e papelão uma série de armas em tamanho real que lembram brinquedos, mas, ao mesmo tempo, representam um perigo efetivo, pois algumas peças contêm fogos de artifício em sua construção. A mostra, com curadoria de Paulo Miyada, será inaugurada com cerca de 80 peças, podendo chegar a 120 no final da exposição, já que a produção continuará durante todo o período expositivo.

 

Nas esculturas expostas tudo depende do interesse do observador. “Construídas de maneira extremamente engenhosa, as peças podem nos remeter a brincadeiras de infância ou nos fazer refletir sobre a possibilidade de que elas causem algum dano real, sendo que é nesta eventualidade que reside o aspecto mais inquietante do conjunto de armas de Marcela”, aponta o curador.

 

Miyada destaca ainda que, como os tubos de papelão que compõem algumas obras são verdadeiros fogos de artifício – com pavio, pólvora e todo o necessário para efetivamente explodir – podem, portanto, ser utilizados como armas, literalmente, de fogo, e machucar. “O cheiro de violência é cativante e pode provocar fantasias, de modo que a constatação do potencial destrutivo de uma ferramenta não está muito longe do desejo de atacar algo ou alguém”, completa.

 

Cercado de armas, ferramentas e outros objetos, o público terá a sensação de estar invadindo algum recinto privado, escondido, onde é necessário estar armado com artefatos inúteis e ao mesmo tempo perigosos. Um local onde alguém dedica-se solitária e intensamente a esta acumulação sem fim, como em uma guerra fria particular, fantasiosa e inócua contra uma violência que infelizmente é real.

 

“Enfim, a violência pode energizar a arte com sua febre ansiosa. Mais ainda quando ela, a violência, parece prestes a estourar. Não exatamente no âmbito da arte, no interior da galeria, mas em todos os outros lugares”, lembra o curador.

 

 

Sobre a galeria

 

A Central iniciou suas atividades em novembro de 2010. Seu foco é promover artistas que tenham uma proposta instigante, que sejam fiéis às suas intuições e que nos façam pensar com suas obras, pois aqui a arte é vista como um processo cognitivo, um processo de descoberta que nos ajuda a ver e viver melhor. Seu objetivo é o de criar condições para o pleno desenvolvimento destes artistas e a divulgação de suas atividades. Discussões sobre arte e sociedade, também fazem parte de sua programação, além das exposições temporárias e do acompanhamento e documentação de seus trabalhos.

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