Olá, visitante

AGENDA CULTURAL

As constelações celestinas

 

As fotografias de Wagner Celestino estão em cartaz no SESC 14 Bis, Bela Vista, São Paulo, SP, até 07 de abril. Wagner Celestino, fotógrafo negro e artista periférico nascido em 1952 na zona Leste paulistana. Seus registros revelam trabalhadores, artistas e ritos culturais e religiosos que enaltecem a beleza e a memória da população afrodescendente. São registros em preto e branco de alto contraste, com abordagem entre o projeto artístico e o documentário histórico.

 

Sobre o artista:

Veterano fotógrafo que se notabilizou pela qualidade de suas reportagens fotográficas que, desde 1977, enfocam com rara sensibilidade a cena cultural afro-brasileira, Wagner Celestino possui formação não-formal em fotografia que obteve em oficinas de fotografia do Museu Lasar Segall. Sua obra transita entre o projeto artístico e documentário histórico investigativo. O fotógrafo atua na prospecção de imagens que revelam os fazeres do povo proletário e periférico em sua grandeza e humanidade em abordagem de notável acuidade psicológica e sociológica. Retratou nomes da música brasileira e, dentre eles, integrantes da Velha Guarda do Vai-Vai. Também é responsável pela série fotográfica “Cortiços”, de 1988. Nesta exposição individual, são acrescentadas a este acervo novas fotos, de moradores do bairro do Bixiga e da Velha Guarda do Vai-Vai

 

As constelações são áreas específicas do céu compostas por agrupamentos de estrelas aparentemente ligadas por linhas imaginárias. Assim, elas podem assumir a função de referência enquanto dispositivo de localização e instrumento de orientação. É dessa forma que o trabalho do fotógrafo Wagner Celestino direciona nossa caminhada, na soma dos fragmentos da realidade, para apresentar um olhar sobre o universo afropaulista. Wagner Celestino tem, em mais de quarenta anos de trajetória, a experiência que explica a intimidade entre ele e aquilo que ele fotografa, sejam paisagens, festas profanas ou religiosas, ou personagens que posam para suas lentes. Trabalhando sempre em preto e branco e preferencialmente sob luz natural, os retratos evidenciam o profundo respeito dedicado àqueles que nos precederam, bem como à esperança de um futuro luminoso, sem deixar de lado as lutas enfrentadas ao longo do caminho. Como afirma Claudinei Roberto da Silva, curador da mostra, “Celestino se ocupa daqueles e daquelas cuja história, a memória e os afetos, são, frequentemente, preteridos nas narrativas da história da arte que se quer hegemônica”. Pesquisador da cultura popular nas suas matrizes sagradas e profanas, Celestino, cuja arte pode traduzir notas de melancolia, carrega interesse pela complexidade dos sujeitos em seus contextos, onde memórias e afetos são riquezas inestimáveis.

“Em celebração ao início das atividades do Sesc 14 Bis, a exposição Wagner Celestino recorre a uma obra que, ao se voltar a personagens, melodias, cadências e enredos vinculados à negritude, permite o vislumbre da dignidade particular ao cruzamento de olhares, entre fotógrafos e pessoas retratadas, que perfaz a carreira do artista”, comentou Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sua mensagem foi enviada com sucesso!