A 1500 Babilônia, Leme, de Alex Bueno de Moraes, inaugura seu espaço no Rio de Janeiro, abrindo com a exposição “Algumas Coisas São Perdidas Para Nunca Mais Serem Encontradas”, do fotógrafo Julio Bittencourt, com curadoria de Ilana Bessler. Composta por 16 imagens, esta série é resultado da imersão do artista em locais abandonados – uma fábrica no centro de São Paulo e uma ilha no sul do Japão, onde pessoas viveram ou criaram negócios – com a intenção de registrar a passagem do tempo, o que levamos conosco e o que deixamos para trás.
Ao longo de dois anos e meio, Julio Bittencourt passou algumas noites nas duas locações escolhidas, clicando sempre à noite, no escuro, produzindo a maioria das imagens com longas exposições. As fotografias mostram cenas mínimas, indícios ou vestígios que captam a essência dos espaços, como objetos muito antigos, cobertos de resíduos deixados pelo tempo – uma máquina de costura, uma banqueta, uma TV, retratos familiares – ou janelas que mostram, além da passagem do tempo, resquícios da paisagem. “São imagens residuais às avessas, que se depositam em nossa mente não pela incidência luminosa, mas pela intensidade do escuro”, comenta Illana Bessler. Os objetos e espaços recriam histórias, memórias e cicatrizes impressas pelo tempo e pelas pessoas que os vivenciaram, e acabam nos levando ao questionamento universal: “Para onde vamos?”.
Interessado pela necessidade de apropriação de objetos por pessoas e, conseqüentemente, pelas histórias e vidas que tais coisas carregam, Julio Bittencourt se entrega à busca dessas energias “ancestrais”, fotografando dentro de ambientes escuros, abandonados, em um silencioso laboratório solitário, onde pôde testar limites técnicos e psicológicos. “Talvez eu tenha levado a solidão e o silêncio ao extremo neste projeto, no âmbito pessoal, mas com certeza não deixei de fotografar pessoas – elas só não estavam mais lá”.
A individual de Julio Bittencourt foi escolhida para inaugurar a 1500 Babilônia, galeria de Alex Bueno de Moraes que foi transferida de Nova York para o Rio de Janeiro. O projeto – especialmente desenvolvido para abrigar a galeria – vem inovar em localização (no Morro Babilônia) e relacionamento com clientes, artistas, colecionadores e amigos das artes, com uma vista arrebatadora, acrescentando essa paisagem como um extra a seus visitantes. Após forte atuação no mercado cultural norte-americano, com a 1500 Gallery, a 1500 Babilônia representa importantes nomes da fotografia nacional, bem como expoentes do mercado europeu, norte-americano e asiático, como Julio Bittencourt, Beatriz Franco, Bruno Cals, Robert Polidori, Hirosuke Kitamura (Oske), entre outros.
A partir de 28 de junho.