Artur Barrio regressa ao Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, Portugal, com a exposição “… navegações/divagações … por entre escolhos e baixios…”. Barrio usará a sala central do Museu de Serralves, reinventando-a com um novo projeto especificamente concebido para este espaço, transformando-a ao longo de várias semanas, antes e depois da sua abertura ao público.
A obra de Barrio surpreende pelo modo como o artista constrói situações efêmeras onde a experiência da vida e da arte se cruzam na subversão do lugar de apresentação da obra de arte e no desafio à condição do espectador. Este vê-se provocado a abandonar a sua passividade e a descobrir e a interpretar cada projeto do artista como uma experiência física e conceitual, que ampliará a sua percepção e conhecimento do mundo. Em muitos projetos de Barrio, materiais orgânicos perecíveis como o pão, o peixe, a carne, o vinho, a água e o café são combinados com textos, desenhos e fotografias na proposição de novas experiências do sensível e do cognoscível. O lugar, o tempo e os discursos da arte são muitas vezes objeto de crítica nos trabalhos do artista, quando desvinculados de uma experiência humana do mundo que conjugue de modo singular a simplicidade dos elementos e a complexidade das ideias. O artista tem desenvolvido um modo muito pessoal de documentar as suas ações e situações através de registos como o texto, a fotografia, o livro de artista, o filme ou o vídeo. Essa relação muito particular entre o registo e a situação que o origina tem vindo a ser reconhecida em múltiplas exposições internacionais onde o seu trabalho tem sido apresentado. Sendo um dos protagonistas de um contexto artístico que, no Brasil, contribuiu decisivamente para uma crítica do modernismo e uma redefinição da obra de arte, a obra de Barrio tem sido divulgada internacionalmente, desde a célebre exposição “Information”, que o MoMA, Nova Iorque, apresentou em 1970, até recentes participações na XI Documenta de Kassel em 2002, na 29ª Bienal de São Paulo, 2010, ou na 54ª Bienal de Veneza, 2011, onde representou o Brasil. O Ministério da Cultura de Espanha agraciou-o em 2011 com o Prêmio Velásquez, pela sua “poética radical”, na qual se verifica “a aparição de uma beleza inesperada”. O regresso de Artur Barrio a Serralves constitui também um regresso à apresentação do seu trabalho no Porto, cidade onde nasceu a 1 de fevereiro de 1945. Entre Portugal e o Brasil, entre a Europa e a América do Sul, a vida e a obra de Artur Barrio conjugam também a errância, a viagem, o oceano e a constante redescoberta de si e dos outros, por quem é muitas vezes visto como português no Brasil ou como brasileiro em Portugal. O Museu de Serralves tem, desde a exposição “Regist(R)os”, realizada em 2000, até hoje, continuado a trabalhar com o artista, desde o projeto gorado de uma viagem de navegação entre o Rio de Janeiro e o Porto até “… navegações/divagações … por entre escolhos e baixios…”. Por ocasião desta exposição, será publicado um novo livro que a documentará, realizado em colaboração com Artur Barrio e Cristina Motta, com textos da autoria do próprio artista, assim como de Moacir dos Anjos, Óscar Faria e João Fernandes.
Até 01 de julho.