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Brecheret em exposição homenagem

O Liceu de Artes e Ofícios, Luz, São Paulo, SP, comemora 150 anos com exposição – até 12 de agosto – em homenagem a Victor Brecheret. A mostra, que discute a escala das obras produzidas por um dos alunos mais ilustres da escola, tem curadoria de Fernanda Carvalho e Ana Paula Brecheret, neta do artista.

Um dos principais centros de ensino da cidade de São Paulo, o Liceu de Artes e Ofícios comemora 150 anos em 2023 e, para celebrar a data, homenageia um dos seus principais e mais ilustres alunos, o escultor Victor Brecheret. Intitulada Victor Brecheret: o mestre das formas, e realizada em parceria com o Instituto Victor Brecheret, a mostra apresenta a trajetória de um dos maiores nomes da escultura do país e do mundo. Com curadoria de Fernanda Carvalho e co-curadoria de Ana Paula Brecheret, neta do artista, a mostra será aberta ao público no dia 20 de maio no Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.

Nascido na Itália, Brecheret emigrou para o Brasil ainda nos primeiros anos de vida. Um dia, caminhando pelo Viaduto do Chá, enquanto ainda trabalhava consertando sapatos com a família, o jovem Victor Brecheret – na época com 15 anos – achou um jornal que publicara uma foto de uma escultura do francês Auguste Rodin, e percebeu ali, naquele momento, que era aquilo que gostaria de fazer, comentando com sua tia, que o levou até o Liceu e o matriculou no curso de Desenho e Modelagem, onde estudou por dois anos. Assim nascia uma profícua relação que formaria um dos mais geniais artistas brasileiros. Foi lá que teve os primeiros contatos com a escultura, e esse período na escola serviu como base para que depois o artista fosse estudar em Roma, e se tornasse um dos principais nomes responsáveis pela introdução da escultura brasileira no movimento modernista internacional. Ao longo de sua profícua carreira, Brecheret transitou entre as cidades de São Paulo, Paris e Roma.

A exposição, que ocupa o primeiro pavimento do Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, reúne 14 obras de coleção particular, divididas em seis núcleos, datadas entre as décadas de 1910 e 1950. Nela, a curadoria busca discutir a escala das obras produzidas pelo artista ao longo de sua trajetória.

“Brecheret aproveitou-se de muitas tradições do fazer e de diversos materiais, executando desde obras monumentais com mais de trinta figuras de 6 metros de altura cada até pequenas peças representando dançarinas voláteis, mitos polivalentes e paixões estilizadas”, afirma Fernanda Carvalho.

Em “Victor Brecheret: o mestre das formas” o intuito é elucidar as contraposições trabalhadas pelo escultor. Segundo a curadoria, “a ideia é percorrer o amplo arco temático da produção do artista que dialogou com o sagrado e o profano, o masculino e o feminino, o oriente e o ocidente, a cultura dos povos originários e a mitologia, apresentadas em obras multiformes e de diferentes épocas históricas”.

Dividido em 6 núcleos – “Núcleo Modernidades – Figura de convite”, “Núcleo Vanguardas”, “Núcleo Memórias”, “Núcleo Modernismos – Contextos”, “Núcleo Tecnologia” e por fim, “Núcleo Múltiplas sintaxes” – o percurso expositivo da exposição propõe exames breves, mas densos de aspectos emblemáticos da trajetória do escultor a partir de suas próprias peças. Neles, os visitantes encontrarão memórias pessoais, iconografias, réplicas digitais, e a manipulação de materiais envoltos, cada qual, em ambientações cenográficas criadas especialmente para eles.

O Núcleo Modernidades – Figura de convite, propõe um diálogo entre peças produzidas por Brecheret e outros artistas modernistas, como Jean Baptiste Houdon, por meio de um podcast criado pelas curadoras, com conversas imaginárias e emocionais que aproximam os personagens expostos; como a obra Dama Paulista (Retrato de Dona Olivia Guedes Penteado), de Brecheret, e Diana, deusa da Caça, de Houdon. Na conversa roteirizada pela curadoria, ambas mulheres moraram em Paris e se encontram acidentalmente e, num tom divertido, começam a discorrer sobre o modernismo e outras afinidades que as aproximam.

No Núcleo Vanguardas, os visitantes terão contato com experimentações artísticas do escultor. Ali, o público encontra peças como Beijo (1930), Dançarina (1920), Banho de Sol (1930), entre outros, e peças de mobiliário que preservam a intimidade do artista. O Núcleo Memórias, traz arquivos sonoros e fílmicos entremeados de depoimentos pessoais de membros da família do artista, além de documentações das passagens do escultor por Roma, Paris e São Paulo.

O acervo histórico do Liceu de Artes e Ofícios pode ser encontrado no Núcleo Modernismos – Contextos, que ilustra diversos contextos nos quais obras do artista foram inseridas, com arquivos do final do século XIX e início do século XX, e entre as décadas de 1910 e 1950. O eixo apresenta Novos cânones: exemplos emblemáticos de modernismos possíveis, onde o público encontra Pietá (1912-1913), única peça esculpida em madeira por Brecheret, e Virgem Indígena (1950), esculpida em gesso patinado, Beijo (1930), feita de bronze polido, e Veado Enrolado (1947-1948), cuja técnica é pedra rolada pelo mar.

Em Núcleo Tecnologia, o espectador tem contato com réplicas digitais de obras icônicas em hologramas e sua magia. Peças como: Fuga para o Egito (1925-1929), Soror Dolorosa (1920), O Ídolo (1929), entre outras. Por fim, o Núcleo Múltiplas sintaxes leva ao Centro Cultural diversos elementos e ferramentas que foram utilizados pelo escultor ao longo de sua jornada, como o registro da matrícula de Brecheret no curso de Desenho e Modelagem, ferramentas originais usadas pelo artista, materiais usados pelo escultor, uma maquete do Monumento às Bandeiras, entre outros.

“Esta exposição, contemplando todas as fases do saber-fazer do escultor, é uma combinação de tributo da escola ao seu ilustre aluno ao mesmo tempo que uma homenagem de Brecheret aos 150 anos do Liceu”, comenta a curadora Fernanda Carvalho.

Sobre o Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios

O CCLAO encontra-se anexo ao Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, uma das instituições de ensino mais tradicionais do país, com mais de 145 anos de história e relevantes serviços prestados à cidade e à sociedade paulistana, na produção de propriedades industriais e bens culturais. Trata-se de um espaço de eventos lindo, moderno, elegante e multiuso, com 1.630 metros quadrados nos dois pisos, situado no tradicional bairro da Luz, bem no centro da capital paulista.

Sobre o Instituto Victor Brecheret

O Instituto Victor Brecheret (IVB), fundado em 18 de novembro de 1999, tem como objetivo realizar e promover pesquisas, estudos, consultorias, cursos, conferências, avaliações e implementações de projetos destinados à divulgação e incentivo de atividades artísticas e culturais relativas às artes e artistas plásticos em geral, especialmente à obra do escultor Victor Brecheret. Realiza exposições e eventos nacionais e internacionais por meio de doações, subvenções, incentivos fiscais ou outros mecanismos legais. Desenvolve trabalhos de documentação, certificação, catalogação, arquivo e editoração de livros, referentes à produção de obras de arte e cultura em geral. Apoia programas e intercâmbios educativos, sócios-culturais e de informação. O IVB desenvolve atividades culturais junto às empresas e organizações públicas e privadas. Estabelece mecanismos para captação de recursos para a consecução de seus objetivos, individualmente ou em colaboração com empresas e entidades públicas, particulares, nacionais e internacionais.

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