A Baró Galeria, Jardins, São Paulo, SP, exibe “ Heartbeats”, primeira exposição do artista
francês Christian Boltanski em uma galeria na América Latina. A mostra, é composta por uma
instalação imersiva que ocupa o térreo do espaço da galeria. A instalação é uma adaptação da
obra “work in progress” Les Archives du Coeur (Os Arquivos do Coração) que, desde 2005, vem
percorrendo diversas instituições de arte coletando batimentos cardíacos de audiências ao
redor do mundo. O trabalho – uma espécie de registro existencial universal, segundo o próprio
artista – vai ganhando forma a medida que esses registros públicos vão sendo adicionados ao
arquivo permanente do artista, instalado na remota ilha japonesa Teshima.
Em “Heartbeats”, o processo se inverte: em vez de coletar as batidas dos visitantes, Boltanski
compartilha suas próprias. Por meio de amplificadores, os sons ressoam pelo ambiente
convidando o público para um mergulho no coração do artista. O órgão, comumente associado
ao símbolo da vida, se apresenta aqui como elo comum ao mesmo tempo que compõe a
singularidade de todos os seres. Arquivos e diretórios fazem parte do fascínio do artista desde
os anos 1960. Para Boltanski, eles representam grandes paradoxos: se por um lado são uma
forma potente e preciosa de reconquistar as perdas, por outro são passíveis de limitações e
inverdades. A partir deles, seus trabalhos lançam reflexões acerca da morte, da passagem do
tempo e da luta pela conservação das “pequenas memórias emocionais”. Para ele, essas
últimas confrontam aquelas registradas em livros de história por serem as grandes
colecionadoras das particularidades das experiências humanas.
Sobre o artista
Christian Boltanski nasceu em 1944, em Paris e atualmente vive e trabalha em Malakoff, na
França. Escultor, fotógrafo, pintor e cineasta, é considerado hoje um dos mais consagrados
artistas contemporâneos. O francês foi vencedor de diversos prêmios incluindo o Kaiser Ring,
Goslar, em 2001, o Praemium Imperiale Award pela Japan Art Association, em 2007, e mais
recentemente o Generalitat Valenciana’s International Julio González Prize, este ano.
Participou das principais mostras de arte do mundo como a Documenta (1972, 1977 e 1987) e
a Bienal de Veneza (1980, 1993, 1995 e 2011) e teve grandes retrospectivas e individuais nas
mais renomadas instituições de arte incluindo o Centre Georges Pompidou, em Paris, os
museus de arte contemporânea de Chicago e de Los Angeles, o Park Avenue Armory, em Nova
Iorque e Serpentine e Whitechapel Gallery, em Londres. Boltanski também tem trabalhado
com projetos de teatro incluindo Théâtre du Châtelet, em Paris, e o Ruhr Triennale, na
Alemanha.
Sobre a galeria
A Baró Galeria abriu suas portas em 2010 e desde então se estabeleceu como referência em
arte internacional no circuito brasileiro. Dirigida por Maria Baró (espanhola de nascimento), a
galeria busca aprofundar o diálogo entre artistas, curadores, colecionadores e instituições
culturais através, principalmente, de trabalhos site-specific. Em sua nova fase, a galeria volta
sua atenção para grandes artistas que despontaram entre os anos 1970 e 1980, como o filipino
David Medalla, o mexicano e ex-integrante do grupo Fluxus, Felipe Ehrenberg, o brasileiro
Almandrade, o chinês Song Dong e agora o francês Christian Boltanski.
Até 12 de setembro.