A retrospectiva da obra de Claudia Andujar dedicada aos Yanomami, povo indígena ameaçado de extinção, ocupa dois andares do IMS Paulista, São Paulo, SP, com aproximadamente 300 imagens e uma instalação da fotógrafa e ativista, além de livros e documentos sobre a trajetória da tribo em busca de sobrevivência. O conjunto traça um amplo panorama do longo trabalho de Andujar junto aos Yanomami, retomando aspectos pouco conhecidos da luta da fotógrafa pela demarcação de terras indígenas, militância que a levou a unir sua arte à política. A seleção do material exposto é resultado da pesquisa de muitos anos realizada pelo curador Thyago Nogueira, coordenador da área de fotografia contemporânea do IMS, no acervo de mais de 40 mil imagens da artista.
Na abertura, dia 15 de dezembro, às 11h, Claudia Andujar participa de uma conversa no auditório do IMS Paulista com o curador da exposição e com o líder indígena Davi Kopenawa. Na ocasião será lançado o catálogo com mais de 300 imagens, acompanhadas de textos de Thyago Nogueira, de Andujar e do antropólogo Bruce Albert, que se aliou a ela na luta pela preservação dos Yanomami. Dia seguinte,conduzido por Kopenawa. A partir de janeiro de 2019 estão previstos novos eventos relacionados à exposição, entre seminários, conversas e visitas.
“Claudia Andujar – A luta Yanomami” foi realizada com apoio e consultoria do Instituto Socioambiental (ISA), e colaboração da Hutukara Associação Yanomani (HAY).
Sobre a artista
Claudia Andujar nasceu na Suíça, em 1931, e em seguida mudou-se para Oradea, na fronteira entre a Romênia e a Hungria, onde vivia sua família paterna, de origem judaica. Em 1944, com a perseguição aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, fugiu com a mãe para a Suíça, e depois emigrou para os Estados Unidos, onde foi morar com um tio. Em Nova York, desenvolveu interesse pela pintura e trabalhou como guia na Organização das Nações Unidas. Em 1955, veio ao Brasil para reencontrar a mãe, e decidiu estabelecer-se no país, onde deu início à carreira de fotógrafa.
Sem falar português, Claudia transformou a fotografia em instrumento de trabalho e de contato com o país. Ao longo das décadas seguintes, percorreu o Brasil e colaborou com revistas nacionais e internacionais, como Life, Aperture, Look, Cláudia, Quatro Rodas e Setenta.
A partir de 1966, começou a trabalhar como freelancer para a revista Realidade. Recebeu bolsa da Fundação Guggenheim (1971 e 1977) e participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior, com destaque para a 27ª Bienal de São Paulo e para a exposição Yanomami, na Fundação Cartier de Arte Contemporânea (Paris, 2002). Em 2015, a exposição “No lugar do outro”, IMS Rio, apresentou a primeira parte da carreira da fotógrafa. A segunda parte da carreira, dedicada aos Yanomami, será apresentada na retrospectiva Claudia Andujar: A luta Yanomami.
Até 07 de abril de 2019.