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AGENDA CULTURAL

Delson Uchôa na SIM Galeria

A pintura é o assunto central da exposição individual de Delson Uchôa, que entra em cartaz na SIM Galeria, Batel, Curitiba, PR. A mostra reúne pinturas e fotografias do consagrado artista alagoano “que buscam conversar com olhos de quem sabe ouvir”. A pintura é apresentada como um conto, com alto teor de narrativa.

 

“Enquanto pinto, penso, e o pensamento permanece preso, ele é o espírito da pintura. Esse é o princípio. Então essas pinturas convidam para uma conversa. Há casos que elas falam sozinhas, há casos em que elas mandam me chamar, aí conversamos juntos.E são só ensinamentos. Por isso, a conversa é longa entre a pintura pensante, o autor, e quem contempla a obra”, explica Uchôa.

 

Uma fluidez própria da água aparece de maneira direta ou indireta em todas as grandes pinturas que integram a mostra, como “Oceano e Equinócio”, ambas de 2012. “O Oceano propõe uma luz transgênica, uma totalidade luz-cor. Ele é auto idêntico. Gosto da pintura porque ela ensina os homens a ver o sensível e o místico. A pintura é boa para o homem, ela nos ajuda a dialogar”, acredita.

 

“Neurocondução”, trabalho mais recente de Delson Uchôa na mostra, faz uma conexão do artista com a paisagem e a topografia, e também enfatiza a relação dele com uma cor que viaja e se transforma no tempo. O título é uma das inúmeras referências biológicas e clínicas com que Delson, formado em Medicina, povoa sua história nas artes plásticas, como explica Daniela Name no texto de abertura da exposição.  A obra é uma tela feita de lona muito grossa com desenho em preto feito a partir das linhas de dobra (como um origami). Essa superfície foi exposta ao ar livre, à ação do sol e da chuva.

 

“Neurocondução” fala da condição carnal da minha pintura, da eletricidade da cor; do sensível e sensitivo fio condutor, axônio. Quando o assunto é a apresentação do corpo médico ao corpo da pintura, da pele humana a pele da tela, do vermelho venoso purpúreo, ao sangue arterial oxigenado. O meu vermelho é o encarnado”, informa Uchôa, informando que “Entretela”, uma das obras da exposição, também é resultado da construção de uma “tela cultivada”.

 

Delson também usou os elementos e cores de sombrinhas, daquelas feitas de nylon made in China, como referência de cor para pinturas e também compor cenários que foram registrados em fotos da série “Bicho da Seda”, realizada no sertão nordestino. Algumas obras da série integram a individual na SIM Galeria.

 

De acordo com o artista, no seu trabalho a foto aparece mais como um suporte, portanto a obra se torna uma pintura expandida.  “O bicho da seda é um projeto que prioriza  a luz do sol, aconteceu no cerrado,  no descampado luminoso luz tórrida, árida paisagem, atmosfera e temperatura fabulosa para estridente palheta. A pintura se instala, ou seja, é construída com a cor das sombrinhas chinesas”, contextualiza.

 

“Quando o bicho é personagem, sua imagem conversa com o teatro, performance, vídeo, cinema, fotografia, e então o Bicho testemunha o entorno, ele é um reporte, um brincante.  Ele é mitologia, ele sou eu”, conclui.

 

O artista estará – em novembro – com uma exposição no Ludwig Museum, na Alemanha. Considerado um dos nomes mais importantes da Geração 80, Delson Uchôa tem obras que compõe as coleções permanentes da Pinacoteca de São Paulo, da Fundação Edson Queiroz, do MAC de Niterói, do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), do Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Recife), do Museu Nacional de Belas Artes,  e também do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Nos últimos anos, o artista também foi convidado para participar da Bienal de Veneza, Bienal do Cairo, Bienal de Havana, na Bienal Internacional de Curitiba (2013), e na 24ª Bienal de São Paulo.

 

 

Sobre a SIM Galeria

 

Fundada em 2011 em Curitiba, a SIM Galeria nasceu para atuar como um espaço difusor de arte contemporânea, exibindo artistas brasileiros e internacionais com investigações nos mais variados suportes:  pintura, fotografia, escultura e vídeo. Ao longo dos últimos três anos, a SIM foi palco de uma série de mostras individuais e coletivas organizadas por curadores convidados, como Agnaldo Farias, Jacopo Crivelli, Denise Gadelha, Marcelo Campos, Fernando Cocchiarale e Felipe Scovino. A galeria também é responsável pela assinatura de catálogos e outras publicações. A SIM ainda trabalha em conjunto com instituições brasileiras e estrangeiras com o intuito de promover exposições e projetos de artistas nacionais e internacionais.

 

 

De 01 a 31 de outubro.

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