A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, abre sua temporada de 2013, com a exposição “Contos sem Reis”, individual de Laercio Redondo, sob curadoria de Frederico Coelho. A mostra, que reúne um conjunto de obras heterogêneas interrogando o processo de construção de uma identidade nacional. Tomando sempre como ponto de partida livros, filmes, personagens ou acontecimentos históricos, a obra de Laercio assume como matéria a memória e seus apagamentos (voluntários ou não), revelando e expandindo esses processos invisíveis através de imagens e instalações. Em“Contos sem Reis”, o artista revolve a história da Casa França-Brasil, pensada como emblema da cidade do Rio de Janeiro, antiga capital do Império.
A mostra é composta por trabalhos de grandes dimensões, mas também por pequenas interferências na arquitetura e circulação do prédio, como, por exemplo, a abertura de uma tampa no piso, revelando, assim, uma antiga galeria subterrânea logo na entrada da Casa França-Brasil. Essa intervenção guarda as relações com a planta original do edifício e assinala sua proximidade com o mar e sua antiga função de Alfândega.
O salão central, de 200 metros quadrados, abriga a obra “Ponto Cego”, uma construção em madeira, em que se lê a palavra REVOLVER (no sentido de investigar, examinar). Feita com pequenas ripas de madeira, a peça tem 12 metros de largura por quatro de altura. Dependendo do ponto de vista do espectador no espaço, a palavra ganha ou perde legibilidade.
Na primeira das salas laterais da Casa, Redondo apropriou-se de imagens do livro“Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, do artista de Jean-Baptiste Debret (1768 -1848), para construir três outros trabalhos interligados – todos inéditos. Uma das obras se constitui de um arquivo ou uma biblioteca de referência que pode ser consultado pelos visitantes, em que 77 bancos de madeira têm os assentos impressos com paisagens de Debret sobre o Rio de Janeiro.
Concluindo a mostra, “Carmen Miranda – uma Ópera da Imagem” ocupa a segunda sala lateral da Casa. A escultura sonora investiga a imagem da cantora luso-brasileira, atriz da Broadway e de Hollywood. Pequenos alto-falantes presos aos móbiles emitem fragmentos de um texto sobre Carmen Miranda, escrito pela filósofa brasileira Márcia Sá Cavalcante Schuback, colaboradora de Laercio Redondo nesse projeto.
Sobre o artista
Laercio Redondo, nasceu em Paranavaí, Paraná, 1967. Formado pela Academia de Belas Artes de Varsóvia, Polônia, 1993-94, e pela FAAP de São Paulo, o artista concluiu o Mestrado na Konstfack, University College of Art, Crafts & Design de Estocolmo, Suécia 2001. Realizou diversas mostras individuais, entre elas, “Lembrança de Brasília”, Galeria Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro, 2012); “Listen to me”, no Kunsthalle Göppingen, Alemanha; Centro de Artes Visuales Pedro Esquerré, Matanzas, Cuba, 2005 e no Espaço Cultural Sergio Porto, Rio de Janeiro, 2002. Entre as exposições coletivas de que participou destacam-se: “MAC 50: Doações Recentes 1”, MAC-USP, São Paulo, 2013; “Solo Projects”, Museu Carmen Miranda|ArtRio, Rio de Janeiro, 2011; “Some found text and borrowed ideas”,Björkholmen Gallery, Estocolmo, Suécia, 2010; “Leibesubüngen – Vom tun und Lassen in der Kunst”, Galerie der Hochschule für Bildende Künste, Braunschweig e também no Museu de Arte de Heidenheim, Alemanha, 2008; “Geração da Virada”, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2006; XI Triennale Índia, Nova Delhi, Índia, 2005; “The Flip Book Show”, Kunsthalle Düsseldorf, Alemanha, 2005; “Im Bild”, Kunsthalle Göppingen, Alemanha, 2004; “Modos de usar”, Galeria Vermelho, São Paulo, 2003 e Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil, 2003. Foi artista residente em diversas instituições, como, IASPIS em Estocolmo, Suécia, em 2008, Programa Batiscafo em Havana, Cuba, em 2007, e na Akademie Schloss Solitude, em Stuttgart, Alemanha, em 2004-2005. Entre os prêmios conquistados estão: Prêmio Energisa, Usina Cultural Energisa, João Pessoa, 2012; II Prêmio Sergio Motta, São Paulo, 2002; Mostra Rio Arte Contemporânea, MAM-Rio, 2002 e Salão Nacional de Artes Plásticas, MAM-Rio, 1998. O artista vive e trabalha entre Estocolmo, Suécia, e o Rio de Janeiro.
De 16 de março a 05 de maio.
Projeto COFRE
Daniel Steegmann Mangrané apresenta “Cipó, Taioba, Yví”
Na Casa França-Brasil, uma nova dinâmica curatorial colaborativa foi introduzida: o artista do Cofre tem sido escolhido pelo artista que ocupa o grande espaço expositivo da Casa, criando um contato direto entre as obras apresentadas. Em “Contos sem Reis”, Laercio Redondo cede parte do seu espaço para Daniel Steegmann Mangrané, que ocupará a área exígua do cofre, de apenas 2 x 2m. Steegmann apresenta uma instalação, feita especialmente para a Casa, intitulada “Cipó, Taioba, Yví”. A obra é um painel vertical folheado a ouro, afixado no interior do Cofre, na altura dos olhos do visitante. Sobre ele, são projetados slides de diversas sombras de plantas endêmicas das florestas do Brasil.
Sobre o artista
Daniel Steegmann Mangrané nasceu em Barcelona em 1977 e vive no Brasil desde 2004, entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Sua obra foi mostrada recentemente em individuais na Mendes Wood, São Paulo, 2011; Halfhouse, 2011, Barcelona; Centro Cultural Sergio Porto, Rio de Janeiro, 2010; Fundació La Caixa, Barcelona, 2008. Seus trabalhos participaram de coletivas, como a Bienal de São Paulo, A Iminência das poéticas, 2012, Galeria Diana Stigter, Amsterdam, 2012; RongWrong, Amsterdam, 2012; Espai d’Art Contemporani de Castelló, 2011, Galeria Estrany de la Mota, Barcelona, 2011; Galerie im Riegerungsviertel / Forgotten Bar Project, Berlim, 2010; Galerie KoraAlberg, Antwerp, 2010; Entes, Barcelona, 2009; After-the-Butcher, Berlin, 2009; Bienal de Teheran, 2008; Museo de Arte Contemporanea de Santiago do Chile, 2008 e Centro Cultural São Paulo, 2007. Steegamann recebeu ainda bolsas e prêmios, entre os quais, do MUSAC, Ciutat d’Olot, CoNCA, ABC Prize, Miquel Casablancas, José García Jiménez Foundation e o Akademie der Kunste. Além da prática artística, Daniel Steegmann Mangrané é um dos organizadores do programa acadêmico experimental Universidade de Verão no Capacete, Rio de Janeiro.
De 16 de março a 05 de maio.