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AGENDA CULTURAL

Dois na Luciana Caravello

No térreo da galeria, estarão obras inéditas de Marcelo Solá, que tratam da história do desenho, com influências que vêm desde os tempos das cavernas, com a pintura rupestre, até os tempos atuais, com o grafite. No terceiro andar, estará uma instalação lúdica, formada por 30 espelhos criados por um dos mais importantes designer brasileiros, Sergio Rodrigues, na década de 1960. Com curadoria de Afonso Luz, haverá, ainda, um exemplar de época exposto, feito em jacarandá.

 

O artista goiano Marcelo Solá ocupará todo o espaço térreo da Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, RJ, a partir do dia 21 de março, com cerca de 20 desenhos inéditos, produzidos este ano. As obras feitas em técnica mista dão continuidade a uma pesquisa que o artista vem desenvolvendo há alguns anos sobre a história do desenho, com influências que vêm desde os tempos das cavernas, com a pintura rupestre, até os tempos atuais, com o grafite.

 

Os trabalhos de Marcelo Solá misturam referências e têm muita influência da rua, não só do grafite, como também dos cartazes de propaganda. “Tem a ver com os muros das grandes cidades, com os cartazes nos muros, que vão se desgastando com o tempo ao serem molhados pela chuva”, diz o artista.

 

Os desenhos, em diversos formatos, com tamanhos que variam entre 2mX2m e 80x100cm, são feitos com aquarela, tinta a óleo, lápis e spray. Além disso, nesses novos trabalhos, a serigrafia, que o artista vinha utilizando de forma mais tímida, está mais evidente e ganha importância inusitada dentro da obra. Primeiro, o artista pensa em um desenho e o transforma em serigrafia. “A serigrafia é usada como base e vou trabalhando em cima dela, que em alguns momentos, quase desaparece, mas continua ali”, conta Marcelo Solá.

 

As frases criadas pelo artista, que também já estavam presentes em trabalhos anteriores, ganham mais destaque nessas obras aos serem feitas com carimbo.

 

 

Sobre o artista

 

Marcelo Solá nasceu em Goiânia, 1971. Vive e trabalha em Goiânia. É um assíduo desenhista e se comunica principalmente através desta linguagem. Com mais de 20 anos de trajetória, já participou de importantes exposições no Instituto Tomie Ohtake, na Funarte, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo, no Centro Cultural São Paulo, no Festival de Cultura da Bélgica, na 25ª Bienal de São Paulo e no Drawing Center (Nova York). Recebeu diversos prêmios, como a “Bolsa de Apoio a Pesquisa e Criação Artística”, da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e duas vezes o “Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea”, da Funarte. Além disso, ainda participou de residências artísticas no Brasil e no exterior, como nos Estados Unidos, Canadá e Holanda.

 

 

Até 13 de abril.

 

 

O espelho Dragãozinho

 

No dia 21 de março, Luciana Caravello Arte Contemporânea inaugura a exposição “O espelho Dragãozinho”, com uma série inédita de 30 espelhos do designer Sergio Rodrigues (1927-2014), criados originalmente na década de 1960, para a Oca, loja/galeria que movimentou a cena cultural carioca. As obras serão apresentadas a partir de uma instalação que provoca de forma lúdica a reflexão sobre a construção/desconstrução de uma autoimagem, tema abordado por Sergio Rodrigues em texto de época sobre o trabalho.

 

Os espelhos, que medem 45cm de diâmetro, são confeccionados em seis madeiras nobres: jacarandá, mogno, conduru, peroba do campo, peroba rosa e imbuia, editados pela Sergio Rodrigues Atelier. Cada uma dessas madeiras possui uma tonalidade distinta – avermelhada, castanha e marrom escuro – tornando cada conjunto diferente. Até as obras feitas com a mesma madeira são distintas entre si, pois os veios variam, tornando cada peça única. Um exemplar de época, feito em jacarandá, também estará exposto.

 

O nome da obra remete ao espelho da casa da infância de Sergio Rodrigues, no bairro do Flamengo, um espelho retangular que possuía um dragão entalhado em madeira no topo e que é descrito por ele no texto publicado na edição de número 49 da revista Senhor, em 1963. Diferentemente do espelho de sua infância, o Dragãozinho criado por ele na década de 1960 possui o formato arredondado, com uma moldura em madeira, lembrando os porta-retratos que eram pendurados nas paredes das casas de antigamente, com fotos dos membros da família.

 

O curador Afonso Luz, em texto que acompanha a exposição, faz uma analogia entre o momento atual em que vivemos, das selfies, com os espelhos. “Na nossa sociedade de massas, na sua versão 3.0 do pós-pós-modernismo desse novo milênio, talvez o espelho tenha se tornado apenas um objeto da história da arte, como tantos outros dispositivos de imagem que nos capturavam a existência, como a própria pintura fizera na modernidade. Vivemos todos mergulhados no momento atual, em uma nova revolução sensível, no qual a moldura dos telefones celulares com sua superfície de cristal líquido nos registra em tempo real em microcâmeras, o que gera a revelação imediata de quem somos, onde estamos e como nos vestimos para a vida, a fim de instaurar o espelhamento cotidiano da sociedade numa cultura de selfie”.

 

A exposição contará, ainda, com um conjunto documental pertencente ao Instituto Sergio Rodrigues, que mostrará um pouco do universo do artista para a criação desta obra. Em uma mesa-vitrine criada pelo próprio Sergio estarão o catálogo original da Oca, com o croqui do espelho, a revista Senhor, com o texto “O espelho do Dragãozinho”, escrito por ele, e o próprio dragão em madeira, que compunha o espelho de sua infância.

 

 

Sobre o artista

 

Sergio Rodrigues (1927–2014) é um mestre para produção cultural brasileira de tantas maneiras que até se confunde com o próprio Brasil, com Brasília, com o Rio de Janeiro e com o nosso reconhecimento internacional. Criou mais de 1.200 peças, muitas das quais tornaram-se ícones de nossa maneira de viver, como a poltrona Mole. Durante toda a vida, Sergio Rodrigues seguiu criando e transformando suas inquietações nesse mobiliário que é deliciosamente nosso, sempre de forma bem humorada, dando nomes inusitados aos seus objetos, “Chifruda”, “Vronka”, “Xibô”, quase como se fossem personagens afetivos de nossa história comum nestes trópicos. Essa obra de coerência única é mais do que reveladora de nossa cultura, é a própria cultura traduzida em elementos da mobília e da habitação.

 

 

Sergio Rodrigues Atelier

 

Moveis e objetos inéditos do designer Sergio Rodrigues integram a coleção Sergio Rodrigues Atelier, marca dedicada a resgatar o modo de ver e viver a vida do mestre do design brasileiro e a fabricação de peças singulares do seu acervo. Todo o mobiliário Sergio Rodrigues Atelier é fabricado em madeira maciça a partir de técnicas construtivas da marcenaria tradicional. Formões, spokeshavers e plainas são ferramentas manuais presentes nas bancadas de quem se dedica aos encaixes e aos detalhes originais dos projetos do mestre. Fazer com alma é a essência da marca que tem como propósito inspirar as pessoas a viver experiências, histórias e sensações.

 

 

 

Até 13 de abril.

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