A Galeria Lume, Jardim Europa, São Paulo, SP, exibe, simultaneamente, as individuais “Areia Movediça”, de Talita Hoffmann, e “Eu Não Estou Aqui”, de ZNort, ambas com curadoria de Paulo Kassab Jr. Em “Areia Movediça”, Talita Hoffmann apresenta uma série com pinturas relacionadas a espaços em obra, construções, áreas abandonadas ou em constante transformação, mesclando desenhos arquitetônicos, cores e estruturas com elementos do design gráfico urbano. Por sua vez, ZNort utiliza técnicas e suportes variados, em trabalhos que abordam temas inerentes ao ser humano e ao “ser artista”, levantando questões como ser ou não ser algo, pertencer ou não a algum lugar, ter ou não ter valores – como status e reconhecimento.
Em sua individual, Talita Hoffmann estabelece uma relação entre a constante mudança dos espaços urbanos – de terrenos baldios a novas construções, além de áreas abandonadas – com o imaginário da areia movediça que, em sua opinião, tem sempre um aspecto cômico e fantasioso, elementos presentes em sua obra. Com influências que passam pelas cores e traços da arte naïf, até o design gráfico e a fotografia urbana, a artista se utiliza de estilo e técnica recorrentes em seu portfólio, porém, desta vez, não se nota a presença de personagens, focando exclusivamente nos detalhes arquitetônicos. Nas pinturas da exposição, podem ser observadas referências às técnicas de colagem e desenho, as quais fazem parte do processo criativo de Talita: “Geralmente parto de fotografias de espaços urbanos (…). A elas, junto outras imagens de catálogos, pedaços de publicidade, ou desenhos que vou coletando. Para esta série em especial, utilizei várias fotos do Google Maps, inclusive com as falhas em glitch’”.
Com inspiração filosófica, ZNort propõe uma reflexão aprofundada sobre devaneios existenciais. Em sua própria definição: “‘Eu Não Estou Aqui’ é uma forma de brincar com o aspecto místico que o artista exerce sobre o espectador. E quando digo “eu não estou aqui”, nego minha própria presença na obra. Eu não sou, eu não estou, eu não valho…”. Neste sentido, ZNort exibe obras em que busca utilizar materiais que dialoguem com cada conceito, em técnicas já dominadas pelo artista – como esculturas em madeira e parafina, e bordados -, bem como novos experimentos, a exemplo da substituição de bronze por concreto. Em algumas peças, ZNort pinta o concreto em cor de bronze, ressignificando um material considerado barato, ao lhe conferir uma aparência nobre. Citando uma peça da mostra, “Eu Valho um Milhão de Dólares” nos remete ao trabalho de Damien Hirst com borboletas reais, mas, aqui, utilizando borboletas de plástico, no intuito de apontar um contraponto ao preciosismo de sua referência.
Com estas exibições individuais de Talita Hoffmann e ZNort, a Galeria Lume marca o encerramento de seu calendário de exposições em 2015. A coordenação é de Felipe Hegg e Victoria Zuffo
De 26 de novembro a 20 de janeiro de 2016.