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AGENDA CULTURAL

Dudi Maia Rosa na Galeria Millan

 

 

Em “Tudo de Novo”, a nova exposição individual de Dudi Maia Rosa na Galeria Millan, Pinheiros, São Paulo, SP, três anos após a mostra “Lírica”, em 2019, apresenta – de 06 de agosto a 03 de setembro –  um vasto recorte da produção do artista, mesclando obras recentes de sua produção com trabalhos mais antigos, sob a curadoria de Victor Gorgulho.

 

Através de uma abordagem não hierarquizante, são apresentados cerca de quarenta trabalhos inéditos, dentre suas conhecidas obras em resina poliéster pigmentada – técnica sobre a qual o artista debruça-se há décadas, ocupando papel central em sua prática – e trabalhos em pequenos formatos onde a resina funde-se a outros materiais diversos: pedaços de vidro, alumínio, latão, plástico e mesmo a pequenos objetos. Muitas vezes encobertos por sutis camadas de cor, seja pelo uso pontual da tinta à óleo, acrílica ou pelo emprego de carvão ou grafite, são peças que resultam em delicadas assemblages bidimensionais, cujas composições pautadas por ruídos visuais contrastam com as propriedades cromáticas e de luminosidade dos trabalhos em maior escala.

 

Ainda que a mistura destes dois grupos de trabalhos sugira, a princípio, relações dicotômicas entre luz e sombra, cor e escuridão, polidez e fratura, a exibição das obras em pequenos grupos e composições pensadas minuciosamente pelo artista junto ao curador, aprofundam e complexificam tais fricções entre eles. Deste modo, trabalhos do artista realizados em uma ampla janela temporal – desde uma pequena obra datada de 1993 até um robusto conjunto de trabalhos feito nos últimos três anos, aproximadamente – ganham novas camadas semânticas a partir de insuspeitadas relações tanto de afinidade quanto de oposição: seja de ordem formal, cromática, material ou de outras naturezas ainda por serem reveladas.

 

“Tudo de Novo”, frase escrita por Maia Rosa em um dos pequenos trabalhos de resina e fibra de vidro, remete, assim, à natureza irrevogável do labor artístico próprio do ateliê, da vivência diária do estúdio onde nascem e concretizam-se as ideias artísticas; bem-sucedidas ou falhas. É celebrada aqui, portanto, tal resiliência intrínseca ao trôpego fazer artístico, nas mais diversas práticas e produções, mundo afora.

 

Dudi Maia Rosa sabe – qualquer artista sabe – que é preciso encarar o ateliê, dia após dia, atravessando-os em seus questionamentos e dúvidas que teimam em povoar a espessa nebulosidade dos pensamentos de cada um. É preciso adentrar, sem medo, as noites infindas de criação, de inspiração e de impasse, surpresas e falhas, gozo e insatisfação. É preciso mesmo fazer tudo de novo, sabemos: adentrar o espaço expositivo, fitar mais uma vez sua própria obra (sua própria vida, afinal?) para então recriá-la, reconfigurá-la, como quem limpa os próprios olhos em busca de enxergar novamente a vida pela primeira vez. Lavada, nua, assombrosa. Tudo de novo, uma vez mais e outra ainda além, assim por diante.

 

Sobre o artista

 

Dudi Maia Rosa nasceu em 1946, São Paulo, SP. Vive e trabalha em São Paulo, iniciou suas primeiras investigações pictóricas com materiais translúcidos, como a resina poliéster pigmentada em fibra de vidro, em 1984. Também se tornou conhecido por conceber trabalhos com volumes e relevos que retêm a luz dentro de si. Suas obras possuem uma certa espacialidade que acaba por sugerir imagens que se dão sem profundidade, puramente na superfície, mas que são, ao mesmo tempo, profundas em si mesmas, se parecem ora com quadros, ora com telas de projeção, ora com vitrais, algumas com relevos de muranos, objetos que insinuam possuir acontecimentos tridimensionais de cores e formas internos. Os trabalhos de Dudi são ocasiões de corporeidade, de presença física, cujas imagens (essas entidades abstratas, que circulam livremente, que não possuem nem tempo e nem lugar) devem responder ao aqui e agora. Apresentou em 1978 sua primeira exposição individual no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo, SP. Desde então, realizou diversas exposições individuais em importantes espaços dentre os quais na André Millan Galeria (1993) e Galeria Millan, São Paulo, SP (2009, 2012, 2016 e 2019), Centro Cultural Maria Antônia, São Paulo, SP (2002 e 2013), Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, SP (2013), Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP (2008), entre outros. Dentre as exibições coletivas destacam-se: “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, Santander Cultural, Porto Alegre, RS, “Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos”, Oca, São Paulo, SP (2017), “Auroras – Pequenas Pinturas”, São Paulo, SP (2016), “Uma coleção particular – Arte contemporânea no acervo da Pinacoteca”, Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP (2015), 10ª Bienal do Mercosul, “Mensagens de Uma Nova América”, Porto Alegre, RS (2015), “Brasiliana: Moderna Contemporânea”, Museu de Arte de São Paulo, SP (2006), 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS (2005), “Mostra do Redescobrimento: Brasil 500 Anos”, no Pavilhão da Bienal de São Paulo, SP (2000), Bienal de Johanesburgo, África do Sul (1995), Bienal Internacional de São Paulo (1987 e 1994) e Panorama da Arte Atual Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP (1973, 1986, 1989 e 1993). Possui obras em diversas coleções, incluindo a Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, SP,  Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, SP, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP, Coleção de Arte da Cidade, São Paulo, SP, Coleção Dulce e João Carlos Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, SP, Coleção Itaú, São Paulo, SP, “Coleção Metrópolis de Arte Contemporânea”, Stedelijk Museum, Amsterdan, Holanda, entre outras

 

 

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