A Galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, apresenta a exposição individual da artista Elisa Bracher. A artista possui uma produção de mais de duas décadas e transita entre diferentes linguagens como o desenho, gravura, escultura e fotografia. A exposição apresentada exibe trabalhos realizados na década 90 e algumas produções recentes.
Ocupando todo o espaço da galeria, as obras são divididas de um lado pelas esculturas de madeira, gravuras e lençóis de chumbo e, do outro lado, pelas esculturas em ferro. Ao percorrer o espaço nos deparamos com as obras que se agigantam em relação ao espectador: o corpo que transita entre os trabalhos é confrontado a criar novas relações espaciais devido às grandes escalas das obras.
Esculturas em madeira: os trabalhos de Elisa, pesados em sua estrutura e leves em sua composição visual, sempre estão em tensão. As esculturas de madeira têm em sua composição as marcas do corte e o desgaste do tempo. Elas se equilibram escoradas em sua própria estrutura e em arranjo totêmico exibem toda a sua força e grandeza, maiores que o corpo humano, colocam-se no espaço imponentes a confrontar quem as observa.
Esculturas em ferro: as linhas das esculturas em ferro refazem o espaço, não o rebatendo, mas criando outros espaços em sua concepção dentro/fora. Ao avistar o trabalho com um certo distanciamento, as peças remetem a uma ordenação e concepção formalista, de perto isto é quebrado devido à irregularidade do material empregado. Do mesmo modo como nas esculturas de madeira, as marcas do feitio estão presentes, com um maçarico, Elisa esculpe as barras de ferro, dando ao material uma nova forma repleta de textura e deformidades.
Gravuras: as gravuras feitas com maquinários industriais evocam uma sofisticada articulação entre técnica/intuição: delicadeza de linhas e massas negras obtidas num processo de gravação de intenso embate entre matéria e ferramenta. Nesta articulação constrói-se uma poética que transita entre paisagens e memórias sob a forma de densas áreas negras e frágeis linhas que cortam o branco do papel.
A escala de grande proporção equiparada ao tamanho de um ser humano, repensa a imagem gravada e é observada com determinado distanciamento. Aqui a gravura traz um embate corpo a corpo com o espectador, convidando-o a integrar e adentrar por entre as linhas que cortam o branco e entre o negro profundo que nos afasta de qualquer definição que limite e determine o espaço, como parede/fundo; finito/infinito.
Lençóis de chumbo: Os lençóis de chumbo são recortes que descem em paralelo à parede, possuem uma densidade que, ao contrário da gravura, não nos dá a possibilidade dos brancos, os olhos percorrem a estrutura da obra parando nas linhas formadas pelas sobreposições do material. Tais trabalhos têm um desenvolvimento recente na produção da artista e seguem concomitantes a outras técnicas.
Sobre a artista
Elisa Bracher, nasceu em 1965 em São Paulo, cidade onde vive e trabalha. Formada em artes pela FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado. Foi artista residente no The Article Circle, Noruega, Pólo Norte, 2014; no Atelier Iberê Camargo, 2006 e Out There – Sainsbury Centre For Visual Arts Norwich, Inglaterra, 2005. Participou de diversas exposições individuais e coletivas, destacando-se nas seguintes instituições: MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo; MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; MAM – Museu de Arte Moderna da Bahia; Estação Pinacoteca do Estado de São Paulo; Centro Cultural São Paulo; Museu Nacional Belas Artes; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo; Paço Imperial – Rio de Janeiro; Musée d’Art Contemporain de Bordeaux; Centre de La Gravure et de I ‘Image Imprimée – Bélgica. Seus trabalhos fazem parte de diversas coleções públicas e privadas: Fundação Cultural de Curitiba; Museu Nacional de Belo Horizonte; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Moderna da Bahia; Centro Cultural São Paulo.
Até 25 de novembro.