Exposição de fotografías do espanhol Juan Cerón inaugurada no Instituto Cervantes de São Paulo faz uma abordagem ao romance “Dom Quixote” em comemoração ao mês do livro. A exposição recebeu o título de “Anaqronías”. Após um longo processo de conceitualização e diferentes trabalhos que lhe permitiram avançar artisticamente, “Anaqronías” é seu segundo projeto pessoal, cujo percurso o levou a expor em vários países de três continentes, como Espanha, Itália, Reino Unido, Alemanha, China, México, República Dominicana chegando, finalmente, ao Brasil.
Trata-se de uma interpretação fotográfica contemporânea baseada em um estudo documentado do romance “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes, como explica Juan Céron: “Tentei resgatar dos recantos mais profundos da obra aqueles personagens de caráter secundário, terciário, imaginário…e trasladá-los para a realidade fotográfica, dotando-os de uma anacronia, de um elemento anacrônico sempre relacionado ao papel do personagem no romance, que nos leve da imagem pictórica inicialmente pretendida a uma imagem atual, de nosso tempo, brincando assim com a anacronia como um erro estético necessário e intencional”. Sob esquemas de luz e composição inspirados nos mais destacados pintores do realismo barroco do século XVII – Caravaggio, Bernini, Rembrandt, Vermeer, Ribera – “Anaqronías” assume o duplo desafio de confrontar, por um lado, o romance mais importante de todos os tempos com o rigor e o respeito que merece e, por outro, dar forma e figura a uma série de personagens dos quais, em alguns casos, não há nenhuma evidência documental através de pinturas, desenhos ou gravuras e que permaneceram encerrados no romance, esperando pacientemente por mais de 400 anos.
Sobre o artista
Juan Cerón (Bochum, 1973). O artista entra em contato com o mundo da fotografia no início de 2007, quando, tendo em suas mãos sua primeira câmera DSLR, entende a fotografia como um poderoso instrumento de comunicação visual e criação artística, com o qual, além de poder capturar o momento, ele pode ser abordado através de uma história para contar e compartilhar. De formação principalmente autodidata, desde 2015 tem realizado várias exposições individuais com seu primeiro trabalho fotográfico “Onde Habita o Esquecimento”, pelo qual foi pré-selecionado para fazer parte de uma representação de artistas no âmbito do PhotoEspaña. Participou como palestrante de diversas conferências e oficinas em muitos espaços culturais espanhóis e internacionais, bem como congressos de fotografia contemporânea. Fez parte do júri para a EGADE Business School de Monterrey (México).
Até 1º de junho.