Uma prévia do cenário da nova Galeria de Arte Brasileira Moderna e Contemporânea, que em breve vai ser reformulada, é o que se antecipa na exposição “O Espaço da Arte”, que o Museu Nacional de Belas Artes, Cinelândia, Rio de Janeiro, RJ, vai abrir – com entrada franca – no dia 13 de janeiro.
O público vai poder descortinar, dentro das salas Flamengo-Holandesa, Boudin e Lúcio Costa, cerca de 51 obras da coleção do MNBA, incluindo nomes como Iberê Camargo, Maria Leontina, Guignard, Ivan Serpa, Candido Portinari, Flávio de Carvalho, Djanira e Fayga Ostrower, entre outras.
Através destes trabalhos, que tiveram impacto na trajetória da arte visual brasileira, a exposição se volta para as transformações da espacialidade da obra de arte, elemento fundamental para a compreensão da transição da passagem do mundo visual moderno para o contemporâneo.
Optando pela abordagem da espacialidade na obra de arte os curadores da exposição “O espaço da Arte” lembram que suas transformações ao longo do século XX são essenciais para se entender as mudanças visuais e conceituais que ocorreram ao longo de mais de cem anos de história, gerando conseqüências no fazer de hoje.
No primeiro dos três módulos nos quais se estrutura a mostra, aborda-se o contato com novos tratamentos da superfície, ou de características óticas e materiais das obras, anunciando as transformações que viriam depois, com mais radicalidade, ênfase e segurança. Trata-se de um estágio no qual os artistas parecem exibir uma postura de timidez e incerteza sobre os rumos que se abraçariam pelos anos subseqüentes.
Posteriormente, o segundo módulo exibe algumas experiências artísticas onde as obras assumem a postura investigativa frente o problema histórico que enfrentam diante do espaço da obra, pesquisando soluções diferentes, mas que, de algum modo, ainda estão presos a certos paradigmas, principalmente relacionados à figuração. Neste segmento, podemos observar o entre-lugar, ou seja, o artista está abrindo uma campo entre o antes e o depois;
Deixando para trás o impasse das fases iniciais, no ultimo módulo, as obras expostas, sem vacilação, assumem seu lugar no mundo real. Caminham para além da representação, buscando se apresentar enquanto si mesmas no espaço real, construindo uma ponte entre dois mundos, antes separados. Nesta fase, a obra de arte não evoca, está presente, ganhou vida própria, emerge como um ente tal qual seu observador e, a partir disso, se põe a modificar as relações em seu entorno.
Os curadores da exposição “O Espaço da Arte” ressaltam, “ainda que se desenhe no tempo, a história da espacialidade, enquanto percurso, está repleta de fraturas, desvios, descontinuidades”. Isso explica, porque dentro da dinâmica da história da arte, “o passado pode conter distantes anúncios de um porvir a ser trabalhado como a também permanência de certos modelos criados dentro da sua trajetória, fazendo com que as noções de espacialidade reverberem continuamente, umas sobre as outras, num fluxo contínuo do fazer e refazer”.
Até 27 de maio.