O Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura “O Rio que o Rio não vê — a ornamentação simbólica na fachada carioca”, uma exposição de 36 fotos, assinadas pelo fotógrafo, designer gráfico e historiador Luiz Eugênio Teixeira Leite. Trata-seda exibição de ornamentos simbólicos das fachadas de construções civis – instituições públicas e privadas do centro do Rio, área escolhida por ser a interseção arquitetônica de uma cidade que dali se expandiu. Nas legendas, haverá minifotografias da fachada inteira, para que o visitante se familiarize com o imóvel no qual está inserido o ornamento e possa visitá-lo e apreciar ao vivo o detalhe que as fotografias da exposição destacam.
Desde 2000, Teixeira Leite realiza esta pesquisa iconográfica que chega hoje a 974 ornamentos mapeados, catalogados, minuciosamente descritos e com endereço, uso original, nome do projetista, data do projeto da fachada, uso atual, autor do ornamento, técnica e data da execução. A pesquisa resgata nomes de artistas e artesãos executantes dos ornamentos, bem como dos arquitetos e projetistas de fachada. A partir de 2013, o autor vem estendendo o levantamento a outros bairros cariocas, incluindo portas e gradis, além decoração escultórica dessas construções.
Luiz Eugênio reuniu parte desta pesquisa no livro ”O Rio que o Rio não vê – os símbolos e seus significados na arquitetura civil do centro da cidade do Rio de Janeiro”, lançado em 2012, e avaliado pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) como o primeiro livro de arte do gênero no país e indicado e indicado pelo IPHAN como representante fluminense ao XXVI Prêmio Rodrigo Mello Franco de Andrade, entre outras indicações para prêmios.
A mostra é acompanhada de catálogo com reprodução de todas as fotos expostas e texto de Joaquim Marçal Ferreira de Andrade, mestre em design pela PUC Rio, doutorando em história social na UFRJ e autor de História da fotorreportagem no Brasil: a fotografia na imprensa do Rio de Janeiro de 1839 a 1900 (Campus, 2003). O lançamento do catálogo acontece no dia 8 de março, com visita guiada à mostra por Luiz Eugênio Teixeira Leite, aberta ao público.
A palavra do fotógrafo e pesquisador
A decoração aplicada à arquitetura, isto é, a forma pela qual se idealiza um programa ornamental para a fachada de uma construção, já teve papel de destaque na História da Arquitetura. A partir de determinado momento entrou em declínio, chegando a ser tratada com repulsa. Disso resultou um quase total abandono pelo estudo das artes da ornamentação. O Ecletismo, estilo que mais se valeu da ornamentação para fundamentar seu discurso arquitetônico, acabou por herdar, por tabela, essa repulsa, e tem ficado, desde há muito, esquecido pela historiografia da arte nacional.
Até 16 de março.