Em sua nova exposição individual, Júlio Hübner muda radicalmente seu estilo para fazer uma reflexão sobre a importância das vias públicas em nossa sociedade e exibe a série “Via Pública ou Marginal – Trajetos da Nação sem Noção”. na galeria de arte Beatriz Abi-Acl, bairro Lourdes, Belo Horizonte, MG.
“A rua sempre exerceu em mim um grande fascínio”. Assim, Júlio Hübner começa a falar sobre as suas mais recentes obras, inspiradas nos espaços públicos.
O asfalto áspero, as placas de sinalização de trânsito, as pessoas andando apressadamente contra o tempo, os veículos cruzando para um lado e outro. Tudo estava acomodado em seu subconsciente, até que alguns acontecimentos fizeram aflorar todo esse fascínio. O grito “vem pra rua”, ouvido nas manifestações populares nos meados do ano passado, o levou literalmente para a rua e fez brotar a necessidade de traduzir plasticamente esse sentimento.
Da mesma forma que a mobilização popular lhe serviu de inspiração, ao visitar países europeus em 2013 ficou fascinado com as autopistas alemãs, onde pode exercer o prazer de dirigir em alta velocidade. Não lhe passaram despercebidas algumas sinalizações de trânsito bem diferentes das usadas em nosso País. Daí, o grande desafio de levar para as telas essa nova inspiração. “A rua é rude, o asfalto é áspero, por isso a solução encontrada foi representá-la tal como ela é, trocando apenas o cinza do asfalto pelo negro texturizado e as faixas ou cores, representadas com espessas camadas de tinta acrílica, o que ressaltou a qualidade das obras, tirando-as do lugar comum das tradicionais pinturas”, destaca o artista.
Nesse novo trabalho, ele rompe com seu estilo de pintar a sensualidade do corpo, estilo esse que lhe rendeu prêmios, como “Honra ao Mérito Artístico Cultural”, concedido pela Academia Brasileira de Arte e Cultura e pela Secretaria Estado de Cultura do Governo de São Paulo. “Com o passar do tempo, deparei-me com a necessidade de novos desafios”, explica. Agora, as 20 obras que integram a mostra individual intitulada “Via Pública ou Marginal – Trajetos da Nação sem Noção”, são mais concretas.
Na montagem da exposição, Júlio Hübner vai projetar sobre um políptico composto por seis telas de 1,80 cm x 1,80 cm, sombras de manifestantes nas ruas de Belo Horizonte. De forma simples e minimalista, onde o menos é mais, Júlio Hübner transforma os símbolos encontrados nas ruas em imagem que produzam significados diferentes se vistas sozinhas ou em conjunto. É o caso das obras “Princípio, “Meio” e “Fim”, com faixas desencontradas representando o povo que, com a ajuda das redes sociais, consegue se alinhar em busca de uma melhor administração pública. Já a obra “Governados, desgovernados e governantes” representa o símbolo maior da Capital Federal.
De 03 a 27 de junho.