Com a exposição “Marcus Vinicius – A cor das escolhas”, o artista, que completa 20 anos de trajetória em 2018, apresentará na Galeria Marcelo Guarnieri, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, cem pequenas pinturas feitas especialmente para esta exposição, onde explora os limites da cor dentro do conceito de Estrutura Quadro. Em sua segunda exposição individual no Rio de Janeiro, o artista exibirá obras inéditas, produzidas entre 2016 e 2017, explorando a cor e suas nuances. Acompanha a exposição texto do crítico de arte Marcelo Campos.
As cem obras dessa mostra medem 30 cm x 35 cm cada uma e são feitas em MDF pintado com tinta acrílica e vidro transparente pintado com esmalte de cura a frio, encaixado no MDF recortado. As obras estarão agrupadas por tonalidade, em cinco conjuntos, compostos por 20 obras cada um: avermelhados, amarelados, azulados, esverdeados e multicoloridos. As 20 obras de cada conjunto são diferentes entre si, mas se repetem nos demais conjuntos, com cores distintas, de acordo com o grupo aos quais pertencem. No entanto, com cores e tonalidades diferentes, muitas vezes têm-se a impressão de serem estruturas distintas.
“A pesquisa desenvolvida nessa série de quadros busca alcançar o ponto de unidade de seus elementos constitutivos, como fragmentação do plano através da estrutura modular, unidade cromática, contraste entre o opaco da pintura com a superfície refletora dos vidros, etc”, afirma o artista.
A pesquisa de Marcus Vinicius está fundamentada no conceito de “Estrutura Quadro”, uma estrutura conceitual construída a partir do retângulo ou quadrado que, ligada à parede, preserva seu caráter bidimensional e cujos elementos podem ser desmembrados e estudados separadamente e reagrupados segundo uma ordem por ele estabelecida. “Todos os elementos têm uma função e toda função tem uma propriedade. O vidro tem a função de proteger, mas sua propriedade é o reflexo”, conta o artista, que em suas obras mantém a função original do vidro, pintando a parte que fica virada para o quadro, protegendo, desta forma, a pintura. O artista ressalta, ainda, que “quanto mais escura a cor, maior será o reflexo do entorno”. Assim, é criado um grande jogo de cores, em que uma pintura reflete os tons das outras. “A simetria é desafiada pela cor e pela propriedade refletora dos vidros que ampliam o espaço do quadro, através da incorporação e do reflexo dos elementos do entorno, colocando em dúvida a cor e o espaço que vemos. Apesar de ser um trabalho estático, é preciso se movimentar para conseguir apreendê-lo totalmente”, diz.
Apesar de trabalhar com cores diversas e explorar as tonalidade, Marcus Vinicius só utiliza as cores existes, as chamadas “cores de catálogo”, não misturando-as para encontrar tonalidades diversas. “A diferenciação das cores se dá por sua aproximação e pela relação de sua proporção na composição”, explica. “Esse projeto de exposição traz essa dificuldade na construção da variedade das tonalidades de cor, uma vez que o catalogo é limitado. Por exemplo, o amarelo tem quatro tons mais duas ocres. Agrupar os 20 quadros amarelos e dar uma sensação de variação tonal operando dentro desses limites está sendo desafiador”, ressalta.
Desde o inicio de sua trajetória, Marcus Vinicius trabalha com a questão da cor, mas isso era feito através de obras em grandes escalas. As pinturas em pequenos formatos surgiram há cerca de dez anos e foram poucas vezes mostradas. O artista cria os trabalhos e os projetos de exposição de acordo com o local onde serão apresentados. Desta forma, esta mostra foi pensada especialmente para o espaço da galeria.
Sobre o artista
Marcus Vinicius nasceu em São Paulo, em 1967 e vive e trabalha em Osasco. Formou-se em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. No ano que vem, completando 20 anos de trajetória, a data será comemorada com uma exposição retrospectiva que começará no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto, com itinerância por diversas cidades.
Dentre suas principais exposições individuais estão “Constructos”, de 2014, no Centro Cultural UFMG, em Belo Horizonte, MG; “Listrados”, de 2004, no Centro Cultural Maria Antônia, em São Paulo; “Sperandios”, de 2000, no SESC Paulista, em São Paulo, SP, e a mostra no Centro Cultural São Paulo, em 1999. Realizou, ainda, três exposições individuais na Galeria Marcelo Guarnieri, sendo duas em Ribeirão Preto: “Agrupamentos horizontais e Acidados”, e 2015 e “Quadriculados e Pontilhados”, em 2010 e uma em São Paulo: “Estrutura quadro: revisão e desdobramento”, em 2014.
Dentre suas principais exposições coletivas estão: “Momento Contemporâneo”,(2014; “Além da forma – plano, matéria, espaço e tempo”, 2012; “O colecionador de sonhos – Coleção Dulce e João Carlos de Figueiredo Ferraz”, 2011; ambas no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto; “Volpi e as Heranças Contemporâneas”, 2006, no MAC/USC, São Paulo, SP; “Marcus Vinicius e Wagner Malta Tavares”, 2006, no Museu de Arte de Ribeirão Preto; “30 anos de Arte Brasileira na Coleção SESC”, 2005, no SESC Interlagos, em São Paulo; “Uma viagem de 450 anos”, 2004, no SEC Pompéia, em São Paulo; “Heterodoxia Natal” , 2004, no Espaço Cultural Casa da Ribeira, em Natal; “40 anos, 40 artistas”, 2003, no MAC/USP, em São Paulo, SP; “Genius Loci, o Espírito do Lugar”, 2002, no Centro Universitário Maria Antônia, em São Paulo, SP; “Conduta de Imagem, 2001, no Museu Metropolitano, em Curitiba; “Se Pudesse ser Puro”, 2001, no Museu de Arte de Santa Catarina, em Florianópolis, SC; “Iniciativas”, 2000, no Centro Cultural São Paulo, SP; “Heranças Contemporâneas 3”, 1999, no MAC/USP, SP,“Vazio, Profundidade e Linha”, 1999, Centro Cultural Correios, Rio de Janeiro, RJ, entre outras.
De 23 de março a 06 de maio.