A Galeria Sancovsky, Jardim Paulistano, convida para a abertura da exposição “Garranchón”. Esta é a primeira individual de Mariano Barone, com curadoria de Amanda Arantes. A mostra reunirá uma seleção de trabalhos produzidos em 2017, além de obras inéditas criadas para esta exposição. O título remete à palavra garrancho, nome dado às caligrafias feias, quase ilegíveis. Aqui ela caracteriza o traço irregular de alguns desenhos, mas pode designar também uma qualidade rudimentar sugerida no conjunto da obra do artista.
Barone desenvolve sua produção através do desenho e da pintura utilizando materiais diversos como retalhos descartados pela indústria têxtil ou lonas usadas para cobrir o chão e montar tendas no comércio popular. Parte das obras apresentadas na exposição é formada por trabalhos em que o artista acumula camadas desses materiais sobre a parede, combinando-os a desenhos ou pinturas. Estas, por sua vez, podem ser recortadas e remontadas, em um jogo que incorpora a aleatoriedade e o improviso. Fixados de maneira precária, os tecidos e telas recortadas formam composições que remetem a estruturas temporárias e instáveis, como barracas e tapumes.
Embora sua obra se aproxime da visualidade urbana, esta não é colocada como tema, e sim material de sua prática artística. Essa característica é visível também em sua produção gráfica, influenciada pela estética dos rabiscos encontrados na cidade – muitas vezes ilegíveis e rasurados – mas que parte, sobretudo, de uma iconografia pessoal e de uma necessidade de desenhar. A isso soma-se uma atitude quase obsessiva de redesenhar as mesmas figuras, sobrepor camadas de desenho ou de pintura, tentar apagar ou disfarçar o que foi feito.
Barone é orientado por uma atitude de mastigar, deglutir e devolver ao mundo elementos visuais do seu entorno, seja este o espaço urbano ou o próprio ateliê do artista. O reaproveitamento de partes de outros trabalhos para a produção de obras novas e a presença de desenhos recorrentes são marcas de um trabalho que se alimenta de si próprio, em um movimento de transformação constante.
Sobre o artista
Mariano Barone nasceu em 1985, em Santa Fé, Argentina, vive e trabalha em São Paulo. É graduando em Artes Visuais pela UNESP, participou em 2017 do 42º Salão de Arte de Ribeirão Preto, das exposições coletivas “Também foi nevoeiro” (Espaço BREU, São Paulo – SP), “Novas Poéticas” (Galeria Cañizares, Escola de Belas Artes da UFBA, Salvador – BA) e “À Sombra do comum” (Galeria Andrea Rehder, São Paulo – SP), assim como da exposição “BFF”, no Instituto de Artes da Unesp (São Paulo – SP). Em 2018, participou das exposições coletivas “O Maravilhamento das coisas” (Galeria Sancovsky, São Paulo – SP), PARTE (Instituto de Artes da Unesp, São Paulo – SP) e “ruído e ausência contínuos” (Galeria Sancovsky, São Paulo – SP).
De 19 de julho a 18 de agosto.