Na Galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP, o pintor Marco Giannotti apresenta “Penumbra”, exposição que reúne 14 telas de grandes e pequenos formatos feitas a base de têmpera, esmalte (spray) e óleo, realizadas em 2012, após sua estada de um ano em Kioto, Japão, em 2011.
“Penumbra” é o ponto de transição entre a luz e sombra, trata-se de uma área iluminada a meia-luz. O artista retoma questões presentes já no seu mestrado em filosofia em 1993, quando traduziu parcialmente a “Doutrina das Cores” de Goethe. Na introdução do livro, o autor nos diz que as cores “são ações e paixões da luz”, ou seja, a cor nasce do embate entre luz e escuridão. Ao retomar uma concepção clássica, Goethe inaugura, por outro lado, uma interpretação fisiológica da cor, que passa a ter uma importância enorme para os pintores a partir do impressionismo. De fato, a teoria física sobre o fenômeno cromático não trata propriamente da percepção da cor, fundamental para a pintura.
Ao término da exposição, dia 9 de março, na galeria, o livro será lançado em sua terceira edição pela editora Nova Alexandria, desta vez com ilustrações coloridas, celebrando os vinte anos de sua primeira publicação aqui no Brasil.
Além da obra de Goethe, outro ponto de partida para esta exposição é “Em louvor da sombra”, de Junichiro Tanizaki, célebre escritor japonês do século XX. Nesta obra, o autor afirma que o aposento japonês é comparável a uma pintura monocromática a sumi, (tinta a base de nanquim em gradações de preto e branco) em que os painéis (shoji) correspondem a tonalidade mais clara e o nicho (tokonoma) à mais escura. Ele lamenta a introdução da luz elétrica no Japão, analisando como mais um elemento ocidental exógeno que vem a desconfigurar a cultura Japonesa.
Por fim, outra referência importante que deve ser levada em consideração é a obra “Shadows” de Andy Warhol, feita em homenagem ao pintor metafísico Giorgio de Chirico após sua morte em 1978 e atualmente presente no Dia Art Foundation. Trata-se talvez da obra menos pop do artista, que flerta com a abstração e uma dimensão mais metafisica da pintura.
A exposição de certa forma representa também uma síntese de duas exposições anteriores do artista “Passagens” realizada em 2007 na Pinacoteca do Estado e “Contraluz”, feita em 2009, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud.
De 02 de fevereiro a 09 de março.
Gianotti: livro e exposição
Paralelamente à sua exposição de pinturas na Galeria Raquel Arnaud, será lançado no Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, juntamente com uma exposição, o caderno de viagem de Giannotti, concebido durante a sua permanência em Kioto, em 2011. Ao longo do período em que ministrou aulas de cultura brasileira na Universidade de Estudos Estrangeiros de Kioto, o artista e professor escreveu uma série de artigos para o jornal O Estado de S.Paulo. Esses textos e as obras – colagens e fotografias – produzidas a partir desta experiência no Japão estão reunidos em “Diário de Kioto”, editado pela WMF Martins Fontes.
O livro traz as impressões poéticas, plásticas, intelectuais e afetivas de Giannotti sobre suas visitas a templos budistas e xintoístas, a vilas, como a Katsura, bem como a museus contemporâneos, como o Benesse Art Site, em Naoshima, projeto de Tadao Ando, ou o Museu Miho, feito pelo arquiteto I. M. Pei. O dia-a-dia de Kioto e as inúmeras cerimônias e rituais que demarcam a passagem das estações são também observados pelo autor.
De 21 de fevereiro a 21 de abril.
Gianotti : seminário
Em março, Marco Giannotti promove um Seminário internacional sobre a Cor, no Centro Universitário Maria Antonia, Consolação, São Paulo, SP, contando com a participação de professores e curadores como David Anfam (editor da Phaidon Press, premiado pelo catálogo raisonné de Rothko), Takashi Suzuki (curador do museu Kawamura em Chiba, Japão) e, Toshya Echizen (professor de estética da universidade Doshisha, em Kioto) e Ana Magalhães, curadora do MAC de São Paulo (Centro Universitário Maria Antonia).
Dias 03 e 04 de março.