A obra de Glauco Castilhos Rodrigues, com sua brasilidade, índios, papagaios, verdes, amarelos e azuis, inicia um giro que começa com exposição retrospectiva em Paris na École Nationale de Beaux-Arts. O artista morreu em 2004 no Rio de Janeiro. Em 2012, Nicolas Bourriaud, diretor da École Nationale des Beaux-Arts de Paris, esteve no Rio de Janeiro, conheceu no Museu de Arte Moderna, a coleção de quadros do artista, que pertencia a Coleção Gilberto Chateaubriand e selecionou mais de 20 obras.
Bourriaud, um dos mais respeitados teóricos de arte na Europa, escolheu a arte de Glauco Rodrigues para compor um novo espaço na École des Beaux, em sua inauguração. Nicolas Bourriaud também visitou o atelier do artista e em contato com Norma Estellita Pessôa, viúva do artista e responsável por sua obra, escolheu mais alguns trabalhos para compor a exposição. Para a viúva que luta pela preservação do legado de um dos maiores nomes da arte contemporânea brasileira, é um reconhecimento. “Bourriaud fez apreciações bastante interessantes sobre a trajetória pictórica de Glauco, tudo isso é um grande reconhecimento ao excepcional artista que ele foi e é. Estou me preparando para esse grande momento”, diz Norma Estellita Pessôa.
Conferência
No dia 25 de abril, em Paris, na Sala de Conferências da École des Beaux-Arts, Roberto Cabot realiza a conferência “Glauco Rodrigues, decodificar o dispositivo moderno”. A arte brasileira começou no início dos anos 60 e 70 do século XX, uma desconstrução do modernismo, e, portanto, sua própria identidade nacional, criando pilares que sustentam grande parte da produção brasileira contemporânea atual. Um pólo desta desconstrução é Glauco Rodrigues, que teve uma carreira solo, mas, no entanto, crucial. A conferência de Roberto Cabot oferece uma contextualização da obra de Glauco Rodrigues através de uma análise das circunstâncias históricas e abordagens artísticas no Brasil nos anos de 1960 à 1970.
Sobre o artista
Glauco Rodrigues nasceu em Bagé, RS, em 1929, e morreu no Rio de Janeiro, RJ, em 2004. Pintor, desenhista, gravador, ilustrador e cenógrafo. Começou a pintar, como autodidata, em Bagé, em 1945. Alguns anos depois, passa a frequentar, com bolsa de estudos da Prefeitura de Bagé, a Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Em 1951 funda o Clube de Gravura de Bagé, com Glênio Bianchetti e Danúbio Gonçalves. Nesse período, passa a residir em Porto Alegre e integra o Clube de Gravura da capital, fundado por Carlos Scliar e Vasco Prado. Em 1958, transfere residência de Porto Alegre para o Rio de Janeiro e a seguir reside em Roma, de 1962 a 1965, lá realiza exposição individual na Embaixada do Brasil e participa de exibições coletivas em diversos países europeus. Ao retornar, integra importantes exposições como “Opinião 66”, no MAM-Rio. A obra de Glauco Rodrigues no fim da década de 1950 se aproxima da abstração, mas no começo dos anos 1960, volta à figuração quando o artista começa a produzir sob o impacto da arte pop, tratando com humor temas nacionais, inspirando séries como “Terra Brasilis”, de 1970, “Carta de Pero Vaz de Caminha”, de 1971, “No País do Carnaval”, de 1982, entre outras. Após o prêmio Golfinho de Ouro Artes Plásticas do Governo do Rio de Janeiro, publica o livro “Glauco Rodrigues”, de autoria de Luis Fernando Veríssimo, no qual reúne a quase totalidade de sua obra. Em 1999 recebe o Prêmio Ministério da Cultura Cândido Portinari de Artes Plásticas.
A partir de 24 de abril.