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Individual de Lucia Laguna

A Fortes D’Aloia & Gabriel, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta até 16 de maio, a nova exposição de Lucia Laguna. Esta é a segunda individual da artista na Galeria, e sua primeira exposição após “Vizinhança”, mostra panorâmica dedicada à sua obra no MASP em 2018. Neste novo conjunto de pinturas, Lucia dá continuidade à divisão entre as séries de “Jardins”, “Paisagens” e “Estúdios” que norteia sua produção desde o início. Tal divisão aponta para a indissociabilidade que há entre o processo artístico de Laguna e o espaço de seu ateliê, situado na Zona Norte do Rio de Janeiro. É a partir dele – e da observação de seu entorno, que vai de seu jardim até o Morro da Mangueira – que a artista compõe paisagens híbridas, mesclando arquitetura e vegetação, planos geométricos e elementos figurativos.

 

“Paisagem n. 121” evidencia bem o método da artista. De início, Lucia permite que seus assistentes comecem o processo, delimitando linhas sobre a superfície da tela e inserindo desenhos e outros sinais gráficos. Quando a artista assume o comando da obra, dá-se início a desconstrução do que ali já estava, para que então se construam novos cenários por cima de sobreposições que acumulam dezenas de camadas até o resultado final.

 

Um peculiar cruzamento entre abstração e figuração, em jogo em sua produção, torna-se evidente no díptico “Paisagem n. 118”. Ao passo em que a pintura à esquerda revela uma paisagem dissolvida, quase líquida – portanto, mais abstrata -, à direita vemos uma composição mais fincada na figuração, com a presença de elementos como pássaros e um semáforo de trânsito. Este convívio entre registros pictóricos de naturezas distintas também está em “Paisagem n. 120”, obra em que a artista experimenta com o formato vertical, pouco usual em sua produção.

 

Já em “Jardim n. 44”, destaca-se uma outra característica da metodologia de Laguna: a tela, em formato quadrado, que é virada de ponta-cabeça diversas vezes durante sua feitura. Assim, a profusão de cores e figuras que desabrocham do centro da pintura pode assumir aparências ambíguas, ora evocando um buquê de flores, ora um galo, dependendo da direção em que é vista. Completa a exposição sua série “Desenhos”, em que Lucia cria composições sobre papel a partir dos pedaços remanescentes de fita crepe do início da produção das obras. Vestígios iniciais – e também póstumos – da engenhosa arquitetura de suas pinturas.

 

Sobre a artista

 

Lucia Laguna nasceu em Campo dos Goytacazes (RJ) em 1941. Formou-se em Letras em 1971, passando a lecionar Língua Portuguesa. Em meados dos anos 1990, começou a frequentar cursos de Pintura e História da Arte na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e realizou sua primeira individual em 1998. Ganhou em 2006 o Prêmio Marcantônio Vilaça do CNI SESI. Entre suas exposições individuais recentes, destacam-se: “Vizinhança”, MASP (São Paulo, 2018); e “Enquanto bebo a água, a água me bebe”, MAR (Rio de Janeiro, 2016). Suas principais coletivas incluem participações em: 30ª Bienal de São Paulo (2012), 32º Panorama da Arte Brasileira, MAM-SP (2011), Programa Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural (São Paulo, 2005 – 2006). Em abril deste ano, a artista estará na 12ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre, RS. Sua obra está presente em importantes coleções públicas, como MASP, MAM-SP, MAM-RJ, MAR, entre outras.

 

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