Fotografar na praia já foi fácil. Nos anos 70, 80, um fotógrafo era recebido de braços abertos pelas tribos que frequentavam as areias cariocas. O tempo passou e o que ficou difícil nos anos 90 virou quase impossível nos dias de hoje. Sacar uma Canon no calçadão é promessa de confusão. O direito de imagem é levado tão a sério atualmente que a solução do fotógrafo Rogério Reis, um apaixonado por personagens que habitam este cenário tão democrático da cidade, foi distribuir tarjas e formas geométricas coloridas sobre o rosto das pessoas. Portanto, da dificuldade surge o trabalho “Ninguém é de Ninguém”, um projeto iniciado há três anos, e que agora chega à Galeria da Gávea, Alto Gávea, Rio de Janeiro, RJ, com 20 fotografias, seis delas em série inédita, intitulada “Paisagens Humanas”.
Será a primeira oportunidade de apreciar, de forma panorâmica, este trabalho que encantou a Maison Européenne de la Photographie, a MEP, a ponto da instituição francesa comprar todas as 34 fotos, quando exibidas no “FotoRio 2011”. Ou seja, a fase com o nome de “Paparazzi do Anônimo” faz parte do acervo francês e o carioca pouco viu ao vivo este trabalho. No momento, algumas fotos estão em cartaz no CCBB-Rio, na mostra “Amor, Amor, Amor”.
A novidade em “Paisagens Humanas” é que Rogério Reis recorre a imagens mais abertas, com menos closes e mais pessoas, mas sempre com suas tarjas coloridas, criando harmonia entre personagens e a luz obtida nas fotografias. Rogério Reis sempre se interessou por temas urbanos. Investiu tempo e olhar sobre a violência em trabalhos como “Microondas” e “Travesseiros Vermelhos”. Passado este momento, seu assunto agora é a beleza dos beijos, dos corpos em roupa de banho, suor, cadeiras, barracas e tudo o mais que nos remeta ao universo praiano.
De 16 de abril a 23 de maio.