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AGENDA CULTURAL

Intervenção artística de Marcos da Matta

O Instituto Ling, bairro Três Figueiras, Porto Alegre, RS, recebe o artista visual baiano Marcos da Matta para realizar uma intervenção artística em uma das paredes do centro cultural. Até 16 de junho o público poderá acompanhar gratuitamente a criação da nova obra, observando as escolhas, os gestos e os movimentos do artista. Após a finalização, o trabalho ficará exposto para visitação até o dia 19 de agosto, com entrada franca. A atividade faz parte do projeto LING apresenta, que este ano conta com a curadoria de Bitu Cassundé, pesquisador e atual Gerente de Patrimônio e Memória do Centro Cultural do Cariri (Crato/CE). Após a finalização do trabalho, Marcos da Matta comentará a experiência e o resultado em bate-papo com o público e o curador no sábado, 17 de junho, às 11h, em frente à obra. Faça a sua inscrição sem custo.

Beiradas – a margem como centro

A ideia, ou imagem, do que entendemos sobre o Nordeste brasileiro se configura, em muito, pelo olhar do outro, pelo engessamento clichê, preconceituoso, racista, que alimenta narrativas ultrapassadas e solidifica um imaginário colonizado. Mas são muitos os “Nordestes” que se reinventam e se firmam como possibilidades de reconstrução, afinação e reorganização dessas centralidades. Pensar o centro hoje é, principalmente, subverter a ordem e observá-lo a partir das beiradas. Dentro de um mesmo território ecoam diferentes posições, contraposições e reposicionamentos; o corpo, como um agente importante dessas transformações, reorganiza diferentes paisagens por meio dos deslocamentos, das diásporas internas e do desejo. A dialética entre o Corpo e o Território também é atravessada por questões políticas, sociais e culturais, que, a partir do lugar da subjetivação, reorganizam, fabulam e ficcionalizam outras composições desse mesmo território. As beiras, as margens, as bordas, as extremidades se reconfiguram como importantes centros, que elaboram novas perspectivas sobre o Nordeste brasileiro – outras paisagens, outras maneiras de observar um mesmo ponto, de acessar as memórias, a ancestralidade e os mestres e mestras da cultura popular. Estão também na linguagem e na oralidade importantes mecanismos de ativação desses distintos territórios. A curadoria desta edição evidencia um recorte de artistas que possuem a margem como centro, seja numa perspectiva geográfica ou poética.

Bitu Cassundé/Curador

Sobre o artista

Marcos da Matta (Conceição do Almeida, BA, 1989). Bacharel em Artes Visuais pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, é integrante do grupo Práticas Desobedientes, programa de formação para jovens artistas com foco em aprendizagem coletiva e pedagogias libertárias. Suas obras têm influência do cotidiano vivido na cultura do Recôncavo, suas religiões, trabalhos informais e em como essas questões compõem tanto sua identidade como as identidades dos outros sujeitos. Vive e trabalha em Cachoeira, cidade do recôncavo da Bahia.

Sobre o curador

Bitu Cassundé (Várzea Alegre, CE, 1974). É Gerente de Patrimônio e Memória do Centro Cultural do Cariri (Crato, CE), foi curador do Museu de Arte Contemporânea do Ceará de 2013 a 2020 e coordenou o Laboratório de Artes Visuais do Porto Iracema da Artes de 2013 a 2018. Também integrou a equipe curatorial do projeto À Nordeste, no SESC 24 de Maio, em São Paulo (2019), juntamente com Clarissa Diniz e Marcelo Campos; participou da equipe curatorial do Programa Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural de São Paulo (2008 a 2010); e dirigiu o Museu Murillo La Greca, em Recife (2009 a 2011). Em 2015, participou da 5ª edição do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça, da equipe curatorial do 19º Festival Videobrasil e do Projeto Arte Pará. Com Clarissa Diniz, formou a coleção contemporânea do Centro Cultural Banco do Nordeste, vinculado ao projeto Metrô de Superfície. Em 2022, foi curador da exposição Antonio Bandeira: Amar se Aprende Amando, na Pinacoteca do Estado do Ceará. Suas últimas pesquisas se dedicam a investigar as relações de trânsito entre as regiões Norte e Nordeste do Brasil, com ênfase nos ciclos econômicos, nos fluxos migratórios e nas conexões entre vida, desejo e arte. Questões relacionadas à subjetividade, confissão, intimidade e biografia também integram suas pesquisas. Atualmente, desenvolve pesquisa de doutorado em Artes na UFPA e vive entre Crato e Belém.

Esta programação é uma realização do Instituto Ling e Ministério da Cultura / Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens.

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