“Intervenções”, exposição do artista Roberto Gallo, apresenta uma instalação artesanal que reproduz o fundo do mar e um ateliê com técnicas construtivas, além de aquarelas, pinturas e desenhos, sob curadoria de Edson Cardoso. A mostra ocupa três salas e no Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, com dois artistas convidados: Eurico Poggi e Francisco Schönmann Gallo. Fazendo uma alusão à paisagem como início e fim, meta do seu propósito artístico, Roberto Gallo apresenta um olhar sobre as paisagens urbanas e marinhas.
“A exposição “Intervenções” nos introduz em um mergulho profundo na arte, uma imersão espetacular que leva a experimentar o interior da vida marítima através de um cenário cuidadosamente concebido pelo artista plástico Roberto Gallo. Além dessa experiência mágica e única, podemos apreciar suas pinturas numa abordagem de termos urbanos (composição de prédios criados a partir do imaginário que beiram a abstração), obras de um lirismo apaixonante. Há também as telas marinhas de tons suaves e delicados”, avalia o curador, Edson Cardoso.
A palavra do artista
“Vivo em observação constante, contemplando o espaço ao meu redor. O que move meu impulso criativo é um sentimento puramente emotivo e intuitivo, surge da necessidade de expressar meu amor pela vida e pela natureza, seja ela Humana ou Divina. Na minha série de pinturas em aquarela e acrílico, a atenção está voltada para a relação entre os elementos ar, terra, fogo e água, o movimento das marés, a incidência da luz, a profundidade da atmosfera, a linha do horizonte”.
Atrações inéditas
Na primeira sala foi montada uma cenografia imersiva, onde o visitante é convidado a “submergir” em uma experiência inclusiva através de uma instalação que reproduz o fundo do mar, num espaço sensorial. Uma escultura de isopor, resina, argamassa e pintura especial simula uma caverna subaquática, com colunas e janelas que exibem cenas do fundo do mar, seguindo uma sequência lógica com sonorização, em vídeos repetidos em looping a cada 5 min. “A ideia principal é levar o espectador a uma experiência de mergulho em uma paisagem submersa. O recurso que usaremos será a construção de uma espécie de câmara feita com materiais cenográficos, utilizando técnicas e conceitos desenvolvidos em nossa área de atuação profissional que é a construção de aquários de grande dimensão. Pretendo despertar o interesse do visitante e fazer com que se sinta parte do espaço através de uma experiência sensorial, não apenas de imagens e texturas mas também de sons”, revela Gallo.
A segunda sala reproduz um ateliê, como uma espécie de espaço íntimo do artista, com desenhos, imagens de cenografias, rochas artificiais, ensaios de esculturas subaquáticas e objetos em construção, revelando algumas técnicas construtivas. Já a terceira, ocupada com os trabalhos dos três artistas, tem também vídeos exibidos em monitores.
A palavra do curador sobre dois artistas convidados
Francisco Schönmann Gallo conduz a uma remota demonstração de inquietude percebida nos traços de seus trabalhos. Obras mediúnicas, com seres enigmáticos que aguçam a imaginação de forma pragmática. Mostrando um jeito único de se expressar, suas obras perpassam o ocultismo, com uma inclinação para definir o que não pode ser definido.
Já nos trabalhos de Eurico Poggi é possível detectar uma verdadeira aglutinação criativa de formas e movimentos. Uma arte extremamente pictórica, cuja grandeza e força são facilmente identificadas pelo olhar. Afora qualquer polêmica teórica, a mostra define com grande desenvoltura o resultado desse diálogo enriquecedor, produzindo um resultado que surpreende pelo encontro dos artistas convidados com as obras de Roberto Gallo e seus cenários imersivos.
Sobre o artista
Natural de Campinas, SP, Roberto Gallo expressa sua arte por meio da pintura, paisagismo, escultura e cenografia. Trabalhou com paisagismo e arquitetura e, desde 1981, vem participando de mostras individuais e coletivas no Brasil e América Latina. Manteve ateliê de arte no Rio de Janeiro por 10 anos, onde trabalhou como professor de desenho e pintura. Neste período, formulou e executou experiências com cenografia, painéis em grande dimensão, pinturas, esculturas, e cenários para teatro, exposições, mostras científicas, museus e zoológicos. Especializou-se na criação de habitats para aquários de visitação pública a partir de 1995, unindo técnicas de modelagem sobre argamassa, fibras de vidro e resina. Desde então, vem realizando aquários no Brasil e no mundo, entre eles o Aquário de Ubatuba, Oceanic Atrativos Turísticos, Aquário do Balneário Camboriú e Aquário Marinho do Rio de janeiro. Atualmente executa o Aquário do Pantanal em Campo Grande, MS.
De 28 de janeiro a 21 de março.