Neste sábado, dia 18 de julho, às 15h, o MAM Rio, Parque do Flamengo, inaugura a exposição “Iole de Freitas – O peso de cada um”. Com curadoria de Ligia Canongia, a mostra vai ocupar o Espaço Monumental do Museu com uma instalação inédita, feita especialmente para o local, composta por três esculturas de grandes dimensões, duas suspensas e uma no chão, em aço inox espelhado e fosco, que pesam no total quase quatro toneladas.
Um dos grandes nomes da arte contemporânea, Iole de Freitas comemora 70 anos em 2015, e a exposição no MAM traz ainda trabalhos em vidro com impressão fotográfica sobre película, da série “Escrito na água”, de 1996/1999, pertencentes a seu acervo pessoal e à Coleção Gilberto Chateaubriand/ MAM Rio.
Com uma trajetória de mais de quarenta anos de atividade, celebrada em exposições em espaços prestigiosos no Brasil e no exterior, Iole de Freitas está trabalhando agora com chapas de aço, e não mais com as estruturas em policarbonato e tubos de aço inox, que marcaram sua produção desde 2000, quando expôs no Centro Municipal de Arte Helio Oiticica, no Rio.
Iole de Freitas construiu para o Espaço Monumental do Museu duas esculturas aéreas, suspensas no ar, com chapas de aço inox de 6m x 1,5m, curvadas, com fortes torções, tensionadas por linhas de aço – que a artista chama de “flechas” – pesando cada em torno de 700 a 800 quilos. A terceira escultura estará no chão, em meio às outras duas, pesando em torno de duas toneladas, com aproximadamente 7,80m de comprimento, cinco de metros de largura e três metros de altura. Envio abaixo o convite virtual.
Texto de Ligia Canongia
Nesta exposição, Iole de Freitas substitui as placas de policarbonato anteriores por
lâminas de aço inox, cuja resistência é maior e a maleabilidadedifícil, exigindo torções
mais intensas.Apesar dessas propriedades, contudo, as esculturas são suspensas no
ar, evoluem como uma coreografia aérea imponderável, contrapondo a seu peso
original a ideia de leveza e movimento.
A linha tênue entre o gesto expressivo e a precisão formal, que sempre acompanhou o
trabalho, permanece agora, mas com a recuperação discretados reflexos e
espelhamentos que a artista utilizava nas peças dos anos 1970.
De sua formação em dança, Iole guardou o valor dos deslocamentos e da elasticidade
dos corpos no espaço, assim como o caráter ao mesmo tempo preciso e volúvel das
formas. As placas resistentes do aço surgem, portanto, como um desafio para o
trabalho, com novos arranjos formais, maior dispêndio de forças em seu equilíbrio,
tensões mais arrojadas entre a escultura e o lugar, além de um embate enfático entre
o poético e o estrutural.
Entre o espelhamentoturvo de um lado da lâmina e a opacidade absoluta da outra
face, inscreve-se simultaneamente um corpo rígido e fluido, que ora absorve o
exterior, ora se afirma como obstáculoradical ao olhar. A obra, afinal, delimita um
campo ambíguo, que, em última instância, flutua entre o gosto clássico e o espírito
pré-romântico, no debate constante entre o exame racional das formas e sua
exuberância lírica.
Ligia Canongia