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AGENDA CULTURAL

Lenora de Barros na Laura Alvim

Umas e Outras”, da artista paulistana Lenora de Barros, é a exposição que a Galeria Laura Alvim, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, sob curadoria de Glória Ferreira.

 

Nela a artista apresenta 65 colunas de jornal realizadas na década de 1990, além de dois vídeos inéditos em preto e branco, intitulados “Jogo de Damas” e “Em si as mesmas”, e uma intervenção sonora, “Duplicar Imagens”. Entre 1993 e 1996, a artista assinou uma coluna experimental, publicada aos sábados, no “Jornal da Tarde”, de São Paulo, sob o título de “… umas”. Nesse espaço nasceram obras e ideias que se transformariam em vídeos e fotoperformances autônomos nos anos seguintes. Depois de mostrar 13 dessas colunas em uma vitrine, na Bienal de Lyon, França, em 2011, Lenora decidiu agora emoldurar e expor um conjunto maior, extraído de seu arquivo pessoal.

 

Nas colunas, que eram uma espécie de blog “avant la lettre”, Lenora, entre outros experimentos, dialogou com trabalhos de diversos artistas. Posteriormente ela fez um recorte dessas “conversas” envolvendo temas femininos ou obras de artistas como Lygia Clark, Yoko Ono, Cindy Sherman, Annette Messager e Méret Oppenheim. Essa seleção deu origem a um livro, intitulado “Jogo de Damas – Crítica de Arte – Livro Primeiro”, ainda inédito, cujo protótipo estará exposto na Laura Alvim, em versão bilíngue, inglês e português.

 

O livro foi o ponto de partida para os dois vídeos inéditos, com direção de David Pacheco, que estão na exposição.
“Umas e Outras” é uma oportunidade de acompanhar o processo criativo da artista, ao longo de três anos, num espaço que funcionava como uma espécie de laboratório ou ateliê em pleno jornal. Segundo a curadora Glória Ferreira, esta individual “cria uma situação em que a artista se desdobra em lenoras, jogando em múltiplas posições, transitando em várias ‘elas’.”

 

As obras

 

No vídeo intitulado “Jogo de Damas” o livro de mesmo título serve de roteiro de leitura para performances vocais realizadas por Lenora e foi concebido em formato de tríptico para projeção simultânea em três paredes.

 

O vídeo “Em si as Mesmas”, situado à entrada da mostra, tem seu título pinçado de uma coluna onde a artista comenta uma fotografia de 1925, de autor desconhecido, das siamesas, as irmãs Hilton. Foi concebido para dupla projeção, em duas paredes opostas. Nele Lenora joga damas consigo própria. Em uma tela, ela move as pedras brancas e na outra, as pretas, em uma espécie de “jogo infinito, sem ganhador nem perdedor”, diz Lenora.

 

“Jogo de Damas” e “Em si as Mesmas” serão exibidos com o som aberto e também dialogam entre si no espaço expositivo. Eles têm um tratamento específico que faz ressaltar o som das peças no tabuleiro, os ruídos da movimentação corporal da artista, gerando atmosferas sonoras envolventes.

 

Voltada para a rua, em frente à Galeria Laura Alvim, está a intervenção sonora “Duplicar Imagens”, em que se ouve a artista oralizar, com voz infantil, a frase “Duplicar imagens é multiplicar ou dividir ideias?”, que se repete em looping, assim como os vídeos mencionados acima. O texto dessa performance vocal também nasce em “…umas”, em uma coluna de 1994, a partir de um autorretrato de Magritte. A performance vocal, gravada em 2011, tem tratamento sonoro de Cid Campos.

 

 

Sobre a artista

 

Lenora de Barros nasceu em São Paulo, em 1953. Formada em linguística pela FFLCH/USP, seus trabalhos se apropriam do vídeo, da performance, da fotografia e da instalação. Sua produção transita entre a palavra e a imagem, e explora os aspectos visuais, verbais e sonoros da linguagem. A fotografia e o vídeo são comumente utilizados como forma de documentar performances encenadas diante da câmera. Lenora de Barros tem obras em coleções públicas e particulares no Brasil e no exterior: Museu d’Art Contemporani de Barcelona, Daros-Latinamerica (Zurique e Rio de Janeiro) e Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP). Participou como artista-curadora da “Radiovisual”, na 7ª Bienal do Mercosul – Grito e Escuta (2009).  Entre as recentes mostras e atividades, destacam-se a 17ª Bienal de Cerveira, em Portugal, “Para (Saber) Escutar”, na Casa Daros Latinoamerica (Rio de Janeiro, 2013); III Mostra do Programa de Exposições 2012 (Centro Cultural São Paulo, 2013); “Circuitos Cruzados: o Centro Pompidou encontra o MAM” (Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2012); “Sonoplastia” (Galeria Millan, SP, 2011; 11ª Bienal de Lyon – “Nasce uma terrível beleza” (2011) – onde participou com a  instalação audiovisual  “O encontro entre Eco e Narciso”, e “Revídeo” (Oi Futuro, RJ, 2010).

 

Até 27 de outubro.

 

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