Dirigido por Carlos Nader, “A Paixão de JL”, realizado pelo Itaú Cultural em parceria com a produtora Já Filmes, foi produzido a partir de um único registro, o de fitas cassetes gravadas pelo artista na última fase de sua vida, entre 1990 e 1993. No dia 25 de fevereiro o longa-metragem entra definitivamente em cartaz no circuito Espaço Itaú de Cinema de São Paulo (Augusta, Shoppings Bourbon Pompeia e Frei Caneca), Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador.
A “Paixão de JL” (82′, cor, 2015), dirigido por Carlos Nader, com realização do Itaú Cultural, terá pré-estreia nacional na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, em sessão no Cine Lage, no próximo dia 29 de janeiro, às 20h. Após a sessão haverá uma conversa aberta com o diretor do filme, com a diretora da EAV Parque Lage, Lisette Lagnado, e o professor Ivair Reinaldim. Carlos Nader destaca que “a EAV foi um lugar central na carreira de Leonilson. Foi onde ele cresceu e se projetou”. Foi a partir da exposição “Como Vai Você, Geração 80?”, realizada no Parque Lage em 1984, com curadoria de Marcus Lontra Costa, Paulo Roberto Leal e Sandra Magger, que a obra do artista ganhou propulsão e ele passou a ser reconhecido nacionalmente.
O filme percorre os três últimos anos de vida de Leonilson (1957-1993), narrado pelo próprio artista, e seu depoimento é associado a imagens, músicas e algumas das suas principais obras, formando uma poética audiovisual sobre as impressões do que o artista viu e sentiu neste período. A ideia que culminou na realização do longa-metragem surgiu em 2011, quando o Itaú Cultural fez a mostra “Sob o Peso dos Meus Amores”, uma
retrospectiva da obra de Leonilson. Carlos Nader foi convidado a dirigir um curta sobre a exposição, cujo resultado levou, naturalmente, à produção deste longa-metragem. O filme recebeu o prêmio de melhor crítica e de melhor documentário brasileiro nos festivais “É Tudo Verdade” e “Mix Brasil de Cultura da Diversidade”, o reconhecimento de melhor longa-metragem pelo júri popular no “Festival Mostras CURTA-SE” (Festival Ibero-Americano de Cinema de Sergipe), e o prêmio especial pelo júri no “37º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana”, em 2015.
Pintor, desenhista e escultor brasileiro, José Leonilson Bezerra Dias nasceu em 1957 em Fortaleza, e morreu em São Paulo, vítima da Aids. Em janeiro de 1990, quando tinha 33 anos – três antes de morrer –, ele começou a produzir um diário íntimo gravado em fitas cassete. Carlos Nader, amigo próximo, conseguiu acesso ao material guardado pela família. “Alternando reflexões sobre sua intimidade e sobre o espírito de sua época, ele deixou um registro precioso em que um indivíduo especialmente sensível se relaciona com as grandes mudanças de seu tempo”, conta o diretor.
A partir do diário de Leonilson, ele optou por um caminho arriscado que, no entanto, resultou em uma produção no qual o espectador embarca em uma história pessoal de paixão, dúvidas e questionamentos, arte e criação, alinhavada por imagens de arquivo sobre aquele período. Os tempos narrados por Leonilson são acompanhados por cenas que fizeram parte do seu imaginário e dos seus comentários. “Além de mostrar algumas de suas obras, o documentário entretece o diário íntimo com imagens públicas ligadas a diversos temas mencionados nas gravações”, conta Nader, premiado no “É Tudo Verdade”, em 2014, com o filme “Homem Comum”. “São assuntos tão diferentes quanto o Plano Collor, a Guerra do Iraque, filmes de Wim Wenders ou Derek Jarman, novelas da Globo, a tragédia da Aids ou o reino pop de Madonna”, completa. Vale ressaltar, ainda, a presença de trechos de programas da televisão, como “Família Dó-Ré-Mi”, o noticiário do Jornal Nacional, em 1990 e 1992, a série “Mico Preto” e “Perdidos no Espaço”. Nas gravações, Leonilson fala de seus trabalhos, de tristezas e alegrias, amores e desamores, medos, família e da homossexualidade. Um dia se descobre soropositivo, tema principal da última fase da sua vida.