Com o objetivo de aproximar o público das obras e do universo da artista, a galeria Marcelo Guarnieri, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura a exposição “LIUBA”, que reproduz parte do atelier da artista em São Paulo. A produção artística de Liuba dividiu-se nas três cidades em que residiu e estudou: Paris, Zurique e São Paulo. Na última, o seu atelier no bairro do Jardim Europa, preserva parte das obras de seu acervo, e testemunha a memória do processo de criação e execução de suas esculturas.
Para reconstrução do clima e da atmosfera do ambiente, a galeria selecionou 40 obras em bronze, de sua profícua fase dos anos 60 e 70. Com trabalhos que variam entre pequenas e médias peças, as esculturas da artista ganharam notoriedade do público e da crítica especializada, pelas formas e traços que remetem à agressividade de pássaros ou do humano em sua face animalesca. Aproximando-se de sua geração contemporânea, e do grito expressivo dos artistas modernos, suas obras podem ser vistas em museus e coleções ao redor do mundo, e em obras públicas ao redor do rio Sena em Paris, como “Upright Sculpture” de 1977, e “Animal I”, de 1985, ambas no Quai Saint Bernard.
Dois bustos, um retrato em bronze do marido Ernesto Wolf, e o outro do irmão, em gesso, que ficavam virados de costas no atelier da artista, denotavam a mudança de linguagem de sua produção. Se na década de 60, Liuba esculpia cabeças tradicionais, nos anos 70, após exercitar as suas formas-pássaros, a artista retoma o imaginário dos bustos, conferindo uma linguagem própria e autoral. Os bustos sugerem, por sua vez, uma aproximação zoomórfica, na qual o humano equilibra-se com o animal. Além das esculturas, três desenhos de estudos, as bases originais em gesso das peças em bronze e instrumentos de trabalho, serão expostos na galeria. Complementa-se à exposição, a exibição inédita do ensaio visual “LIUBA”, realizado por Luana Capobianco, com imagens das obras, dos materiais utilizados na execução das peças e seus ateliês de São Paulo e Paris.
Sobre a artista
Nascida em 1923 na Bulgária, Liuba Wolf ingressa na Escola de Belas Artes de Genebra em 1943. Em 1944 começa a estudar escultura com Germaine Richier, a princípio na Suiça, depois em Paris, em 1946, onde passa a viver e trabalhar em seu atelier. Em 1949, ainda vivendo em Paris, monta atelier também em São Paulo. Casa-se com Ernesto Wolf em 1958 no Brasil, e passa a dividir seu tempo entre os ateliers de São Paulo e Paris. A partir de 1989 estabelece atelier também na Suiça. Morre em São Paulo em 2005. Liuba Wolf participou anualmente do Salon de la Jeune Sculpture de Paris no período entre 1964 e 1979, e em inúmeros salões de arte no Brasil entre eles o Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1962 e 1963 como também a participação sistemática do Panorama de Arte Atual Brasileira no MAM de São Paulo no período de 1970 a 1985. Realizou diversas exposições individuais, destacando-se a no MAM-Rio em 1965, no Museu de Saint Paul de Vence na França em 1968, na Galeria Achim Moeller em Londres em 1972, no Hakone Open Air Museum no Japão em 1985 e na Pinacoteca do Estado de São Paulo em 1996. Suas participações em exposições coletivas incluem também as mostras: Bienal de Carrara em 1962, 12º e 13ª Biennale Internazionale del Bronzetto na Itália (1979 e 1981), Artistas Latino Americanos no Museu Nacional de Arte Moderna de Paris (1967), 7ª/ 8ª/9ª e 12ª Bienal Internacional de São Paulo (1963/1965/1967 e 1973). Foi premiada no Salon d´Automne em Paris em 1947 e 1957, no Salão Nacional de Arte Moderna no Rio de Janeiro em 1962 e na 7º Bienal Internacional de São Paulo em 1963. Suas obras intregram importantes coleções públicas internacionais como a do Fond National d’Art Contemporain de Paris, do Museu de Saint Paul de Vence na França, do Kunsthelle de Nuremberg na Alemanha, do Hakone Open Air Museum no Japão e do Musée de la Sculpture en Plein Air de la Ville de Paris; e integram também importantes coleções públicas nacionais como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, da Coleção da Bienal de São Paulo e do Museu do Artista Brasileiro em Brasília. A artista também possui obras em importantes coleções privadas em diversos países tais como Brasil, Argentina, Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, Japão, Suíça e Estados Unidos.
Comentário sobre a sua obra
A partir da década de 50 Liuba Wolf afasta-se da expressão essencialmente figurativa que até então caracteriza seus trabalhos e passando a produzir uma obra situada na fronteira entre a figuração e a abstração, a representação geométrica e o mundo orgânico. Utilizou principalmente o bronze para as suas esculturas, ainda que eventualmente tenha se utilizado de outros materiais, como nas composições do início dos anos 70, produzidas em poliéster. Realizou diversos desenhos e esboços de suas obras. Dedicou-se também à criação de joias.
De 06 de setembro a 18 de outubro.