A Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta a primeira exposição individual de Lucia Laguna em suas dependências. A mostra, que recebeu o título geral de “Jardim”, traz pinturas inéditas em acrílica e óleo, tendo como ponto de partida a paisagem cotidiana da artista.
A pintura de Lucia Laguna retrata o seu entorno: a paisagem do subúrbio do Rio de Janeiro, a arquitetura informal do bairro, o próprio atelier e o jardim de sua casa. São recortes apresentados de forma velada, quase abstrata, uma sobreposição de formas, linhas e campos de cor com elementos figurativos.
Lucia Laguna desenvolve uma técnica de trabalho única, em que imagens são produzidas em tinta acrílica por seus assistentes, seguindo diretrizes apontadas por ela, que passa então a consumi-las ou desconstruí-las usando tinta a óleo. São composições onde o processo da pintura parece nunca terminar, a imagem permanece viva e mutável diante de nossos olhos. A pintura não é apenas fruto da observação, mas igualmente de uma prática empírica de justaposição e reprocessamento de imagens do dia-a-dia gerando um acúmulo de memórias.
O jardim das telas de Lucia é urbano e carioca. Mostra-se misturado à pedras e vasos, os morros são tomados por casas e os quintais são cheios de entulho. Em “Jardim nº 11”, por exemplo, vemos apenas uma mesinha com casas ao fundo, não há verde na tela. A artista deixa grandes áreas cobertas por massas de tintas que vão do creme ao amarelo, dando a impressão de um campo ainda por ser preenchido. É um convite ao espectador para que projete suas próprias imagens sobre o acúmulo de memória resguardado sob o corpo da cor.
Já em “Jardim nº 10”, uma tela horizontal em grandes dimensões, a artista nos oferece um panorama pessoal da cidade que habita. O verde de plantas e árvores aparece por entre esboços de casas e vasos, como se olhássemos pela janela de uma casa de um centro urbano onde tudo está sempre em permanente movimento.
Sobre a artista
Lucia Laguna nasceu em Campo dos Goytacazes, RJ, em 1941. Forma-se em Letras em 1971 passando a lecionar língua portuguesa. Em meados dos anos1990 a artista frequenta cursos de pintura e história da arte na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Faz sua primeira individual em 1998. Participa do Panorama de Arte Brasileira, MAM-SP em 2011, faz parte do Programa Rumos Artes Visuais, edição 2005/2006, do Instituto Itaú Cultural e em 2006 ganha o Prêmio CNI SESI Marcantônio Vilaça. Sua obra está na coleção do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e MAM de São Paulo, Museu Nacional de Brasília, entre outros. Recentemente participou da 30ª Bienal de São Paulo que atualmente itinera pelo interior do estado.
De 22 de junho a 03 de agosto.