O artista plástico ítalo brasileiro Lucio Salvatore apresenta ao público carioca a exposição “Fragmento #2015_1”, com curadoria de Fernando Cocchiarale. A mostra reúne instalações, fotos e vídeos que serão apresentadas em dois módulos, o primeiro no Centro Cultural dos Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, de 04 de setembro a 03 de outubro de 2015, e o segundo conjunto de obras instaladas em algumas ruas e estabelecimentos comerciais do centro do Rio de Janeiro, de 3 a 11 de setembro.
“A exposição é feita de rupturas e pedaços deslocados de uma unidade que nunca existiu, recompostos segundo novas constituições que as obras impõem”, explica Salvatore. A mostra inicia um ciclo de projetos que já foram pensados em forma de fragmento, são discursos incompletos, abertos, a serem manipulados pelo público, pelo tempo.
Italiano radicado no Rio de Janeiro, Lucio Salvatore já apresentou dois projetos por aqui. O primeiro, “One Blood/Fenomenologia da memoria”, em 2010/2011 (no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, com mais de 15.000 visitantes, e no museu MuBE, em São Paulo),que impressionou a todos, onde o artista utilizou o sangue dos próprios retratados. E a segunda, “Projeto de Redução Espacial” com o tema da relaçao entre ‘capital e natureza’, em 2014 (Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro), onde o artista apresentou uma série de monotipias realizada com um método de frotagens representando a memória topográfica de mina de escavação e lavoração de pedras.
A exposição Fragmento #2015_1 é dividida em dois módulos : o primeiro, apresentado no Centro Cultural Correios, é um conjunto de obras cuja questão dominante são Os jogos de Significados que acontecem ao longo da vida da obra de arte, desde a sua criação e relação com o público até a posse pelo colecionador. As obras levantam uma questão de poder entre as pessoas que participam delas. A dialética entre unidade e multiplicidade é muito presente nas obras de Salvatore.
1º Piso/Instalações
O JOGO DA FORMA #7, 2015 – Instalação – Estojo com 6 pedras, espelho, placa com as regras do jogo, 48 fotos das esculturas realizadas pelo público.
1400 MANIPULAÇÕES E UMA REGRA, 2015 – Instalação – 1400 quadrados pretos, papel de algodão, regra de colagem, ação de colagem realizada pelo público. A obra trata da relação de poder entre o artista que cria um campo de significados e os utilizadores da obra que a manipulam
MARGEM INDIFERENTE, 2015 – A palavra marginal escrita pelo artista na entrada dos Giardini foi cancelada pela passagem do público convidado para estreia da 56a Bienal de Arte de Veneza, em maio de 2015, durante 12 horas, o tempo da ação coletiva. Registro da obra: #2 fotos, um livro com uma seleção de 512 imagens da passagem do público.
QUADRADO PRETO | 100 MANIPULAÇÕES, 2015 – 100 quadrados pretos, papel de algodão, regra de colagem, ação de colagem realizada por um artista reconhecido usado como mão de obra.
POST-AR, 2015 – #4 caixas, cada uma contendo 9.936 cm3 de ar enviadas pelo correio da Itália até o Rio de Janeiro. O sistema logístico utilizado para o deslocamento de ar é a matéria prima da obra: embalagem, selos, sistema de pagamento, trabalho de funcionários de empresas envolvidas, acionistas das empresa, alfândega, impostos etc.
2º Piso/Sala vídeo
O FIM DO QUADRADO PRETO #1, 2015 – Vídeo – Parte de um projeto realizado na Itália nos meses de junho e julho de 2015 e representa também uma conexão com a próxima exposição que Salvatore está preparando para 2016 Fragmento #2016_1. O artista desenhou nas paredes de uma pedreira um quadrado preto em homenagem aos 100 anos da criação da pintura de Malevich e logo em seguida quebrou esta parede com máquinas para escavação reduzindo-a em mil fragmentos de rochas que carregam as marcas pretas do quadrado.
LAVRA (RASTRO), PATERNIDADE, INDÍCIO, 2015 – Vídeo – Também é parte de um projeto realizado na Itália nos meses de junho e julho de 2015 e representa igualmente uma conexão com a próxima exposição que Salvatore está preparando para 2016. O artista tem tem se apropriado do processo de escavação dentro de uma pedreira a procura de uma forma de escultura expandida, simbólica da forma primordial do homem deixar sinal (rastro, marca) da sua passagem, da criação do mundo a partir da terra herdada. Salvatore que até agora nunca tinha assinado as obras criadas, resolve pela primeira vez usar sua assinatura para questionar o valor dela junto ao significado da obra.
O segundo conjunto de obras cria um circuito externo ao Centro Cultural Correios composto por obras instaladas em algumas ruas e estabelecimentos comerciais do centro do Rio de Janeiro. Estas obras tratam da questão legal e política do espaço, de situações de ocupações, de posse e propriedade legal ou real da terra e do ambiente urbano.
Circuito externo/Urbano da exposição/Instalações
UN METRO QUADRATO DI TERRA #1, 2014 – Instalação com dimensões variáveis. Processo de Venda Imobiliária. Contrato de compra e venda de um lote de terra, fotos da propriedade de terra expostas numa agência imobiliária do Rio de Janeiro. Essa obra é um contrato de compra e venda de uma porção (1/100) de metro quadrado de terra de propriedade do artista na Itália, identificado por uma escultura de mármore. Questão da obra de arte como investimento, até objeto de especulação.
AQUI TAMBÉM TEM ESPAÇO PARA ARTE – Instalação com dimensões variáveis. Esta obra é parte de um projeto iniciado por Salvatore em 2014, um projeto que questiona a natureza da utilização do espaço público para fins públicos ou privados. O projeto consiste em ocupações realizadas com diferentes objetos e sistemas usados cotidianamente por pessoas e empresas para delimitar e utilizar espaços públicos. Para fragmento #2015_1 o artista ocupará um espaço do centro da cidade, um lugar que não será revelado explicitamente para que a obra possa levantar o questionamento e a dúvida do público frente a cada espaço, cuja ocupação seja questionável. O artista desta maneira quer utilizar o questionamento e a dúvida do público como matéria prima da obra.
BANCA NEUTRAL – O Poder da Escrita Menos o Poder da Imagem – Instalação com dimensões variáveis. Esta obra é parte de um projeto do artista iniciado em 2014. Ele adquiriu em bancas de jornais do Rio de Janeiro revistas que tratam explicitamente de politica, substituiu as capas e contracapas destas revistas reproduzidas com os textos originais sem formatação e sem imagens e recolocou as revistas novamente em circulação nas bancas. Para exposição Fragmento #2015_1 Salvatore instala nas vitrines de uma banca do centro do Rio de Janeiro uma série de revistas manipuladas.
Lucio também estará participando do circuito de exposições para convidados da ArtRio 2015, onde vai receber o público que fizer reservas antecipadas para uma visita guiada a sua exposição.
Em ocasião da exposição Fragmento #2015_1 Salvatore apresentará pela primeira vez ao público da cidade o projeto do museu que esta desenvolvendo MAC Rio de Janeiro – Museu de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro
Sobre o artista
Artista plástico ítalo brasileiro, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formado em economia na Universidade Bocconi de Milão, estudou filosofia e arte na EAV Parque Lage. Suas obras tratam das ‘relações de poder e manipulação’ dentro de uma comunidade a partir de questões linguísticas, políticas, econômicas e tecnológicas. Exposições individuais selecionadas: Superstudio, Milão (2008), Grant Gallery, New York (2007, 2009), Potsdamer Platz, Berlin (2007). No Brasil: Museu Brasileiro de Escultura MuBE em São Paulo (2011) e no Centro Cultural Correios no Rio de Janeiro (2010 e 2014).
Sobre o curador Fernando Cocchiarale
Crítico de arte, curador e professor de filosofia da arte do Departamento de Filosofia da PUC-RJ, é também professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Autor de artigos, textos e resenhas publicados em livros, catálogos, jornais e revistas de arte do Brasil e do exterior. Foi curador e coordenador do programa Rumos Itaú Cultural Artes Visuais, Coordenador de Artes Visuais da Funarte, e curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAMRJ), além de membro de inúmeros júris e comissões de seleção de mostras e salões no Brasil. É curador independente, sendoresponsável por exposições no MAM-RJ, Itaú Cultural (SP), Santander Cultural (RS), Oi Futuro, (RJ), Paço Imperial (RJ), Casa França-Brasil (RJ), Museu Nacional do Centro Cultural da República (DF). É doutor em Tecnologias da Comunicação e Estética pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
De 03 de setembro a 03 de outubro.
Circuito Externo: De 03 a 11 de setembro.