Também no Paço Imperial, encontra-se em exibição “Norte”, individual do paulista Marcelo Moscheta, no térreo do prédio, sob curadoria de Daniela Name. São dez instalações, feitas a partir de sua viagem de três semanas ao Ártico, em 2011. Desde 2000, o artista cria instalações, desenhos e fotografias, identificando e recolhendo elementos da natureza de lugares remotos, para construir pensamentos sobre paisagem e memória.
Moscheta destaca a instalação “Atlântida”, pela associação com o continente perdido. O trabalho é inspirado na cidade-fantasma de Pyramiden, antigo polo soviético de mineração, onde só moram duas pessoas, que sobrevivem das expedições turísticas.
“Maré Vers.1.3” se compõe de uma máquina, criada por Moscheta, em que um motorredutor aciona o movimento vertical de três projetores, reproduzindo o vaivém das marés, enquanto a projeção na parede tenta, em vão, conciliar as três imagens em uma única linha do horizonte. É a vitória da natureza sobre as tentativas de apreensão e controle feitas tanto pela ciência quanto pela arte.
Em “A line in the Arctic #4”, dá-se outro duelo entre paisagem e natureza. Moscheta tentou traçar, com fita adesiva amarela, no chão coberto de gelo, as linhas do meridiano e do paralelo que passam por ali, nas direções norte, leste, sul e oeste.
As “Fotocromáticas” do Ártico têm origem na constatação de que há muito mais tons de branco na neve do que se pode supor. Outra relação imediata é o esforço que o olho faz para verter uma foto em preto e branco, imaginando uma paleta que possa colorir a paisagem.
“Miragem” fragmenta em 35 partes uma única imagem, em que o Moscheta retrata uma montanha gelada. A escala da natureza e a perda da noção de profundidade fazem com que a paisagem do Ártico pregue peças e iluda o viajante. As demais instalações são intituladas “Ilha Elephant”, “Notes from the cold”, “NY Alesund”, Driftwood” e “À deriva”.
Marcelo Moscheta é Mestre pela Universidade Estadual de Campinas. Participou de coletivas e individuais no Brasil e na Europa e tem obras incluídas nas coleções de museus brasileiros e belgas, além de coleções particulares nos EUA, na Itália, Rússia e em países latino-americanos. Suas últimas residências artísticas, antes do Ártico, foram o deserto de Atacama (Chile), a fronteira entre o Brasil e o Uruguai, as regiões de Galiza (Espanha) e Bretagne (França) e a floresta amazônica.
Até 17 de fevereiro de 2013.