A galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, apresenta “Maria Leontina”, exposição individual da artista (São Paulo, 1917 – Rio de Janeiro, 1984) reunindo obras de diversas fases ao longo de sua trajetória de mais de 40 anos de produção.
Artista fundamental do período pós-guerra da arte brasileira, Leontina inicia sua produção na década de 1940 com uma estética modernista em trabalhos feitos em tela e papel. Seus desenhos e suas pinturas apresentam uma linguagem figurativa que rapidamente se desenvolve direcionada a uma abordagem expressionista. Ao longo dos anos 1950, a iconografia da sua obra aos poucos perpassa temas tradicionais como naturezas-mortas e retratos e assim surgem paisagens urbanas e construções geométricas. Nesse período a artista flerta com o construtivismo, no momento proeminente nas artes plásticas do país, porém sua obra não adere aos dogmas do movimento e dessa forma sua relação com as formas e cores acontece de forma leve e translúcida, a chamada “geometria sensível”. A partir dos anos 1960 e nas últimas décadas de sua produção, os trabalhos tendem a transitar entre o abstrato e o figurativo, em ambos porém é notável a presença de uma atmosfera taciturna que permeia toda sua obra. Independente do período ou da técnica adotada pela artista, seu trabalho é continuamente refinado, aguçado, indica camadas e nuances variadas a serem absorvidas pelo espectador, tanto pictóricamente quanto no campo transcendental.
Leontina é muitas vezes lembrada na história como esposa de Milton Dacosta. Essa exposição busca fazer uma revisão dessa perspectiva; além de mostrar ao público um apanhado geral da obra dessa artista essencial à arte nacional, a mostra pretende dar luz a uma produção que visualmente e conceitualmente foi pioneira no seu tempo ao mesclar geometria, figuração e abstração de forma coesa e singular, sendo assim possivelmente um dos pontos de intersecção da arte moderna com a arte contemporânea brasileira.
De 01 de junho a 15 de julho.