O projeto Ofício, relacionado às Oficinas de Criatividade, recebe a exposição Eixo Terra, de Sallisa Rosa no SESC São Paulo, e nos convida a sentir a terra como memória tátil, como corpo. Acionando temas como ancestralidade e território, podemos nos perguntar: quais são as intervenções que os corpos humanos têm feito com o corpo-Terra? Ao apresentar artistas significativas no contexto contemporâneo, como é o caso de Sallisa Rosa, o Sesc valoriza o trabalho de criação, e propõe dar visibilidade a esses processos como convite para aproximações com materialidades diversas, intersecções incontornáveis e experiências de convivência em que tanto arte quanto pessoas se deixem afetar e expandir.
O barro é matéria do tempo. Sua textura ambígua guarda em si a síntese da terra: maleável, sugere a força latente do vir a ser; firme, revela por meio das marcas a memória do que se deixou moldar. Seguindo sua natureza dual, o solo molhado sustenta as dimensões subterrâneas e expostas, convivendo entre raízes e brotos, dando suporte a tudo que nele passa e sendo o teto do que vive abaixo da terra. Nesse sentido, a terra úmida é também uma espécie de semente de água, carregando a história de erosões, fertilidade e transformações.
Sobre a artista.
Sallisa Rosa é natural de Goiás e atualmente residente artística na Rijksakademie, em Amsterdan, Sallisa Rosa desenvolve seu trabalho com base em experiências intuitivas que exploram temas como ficção, território, natureza, memória, esquecimento e estratégias de criação de futuros. Sua prática artística é marcada pela criação de instalações de grande formato em espaços públicos, nas quais utiliza materiais coletados da natureza e das cidades, como terra, argila, galhos e madeira, além de reaproveitar diversos materiais, incluindo suas próprias obras. A colaboração e o compartilhamento de saberes são pilares centrais em sua trajetória, com um forte compromisso com práticas artísticas voltadas para a construção coletiva. Sallisa Rosa já realizou exposições individuais, como na Pinacoteca de São Paulo (2024) e no MAM Rio de Janeiro (2021), e participou de importantes mostras coletivas, incluindo Social Fabric: Art and Activism in Contemporary Brazil em Austin, Texas, e Histórias Brasileiras e Histórias Feministas no MASP. Em 2021, foi premiada com o Príncipe Claus Seeds Awards, e seu trabalho foi destacado na Trienal do Sesc em Sorocaba. A artista também integrou a coletiva Dja Guata Porã: Rio de Janeiro Indígena no Museu de Arte do Rio (MAR), em 2017.
Até 13 de julho.