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AGENDA CULTURAL

Metamorfoses e Heterogonia

Para ocupar o Projeto Parede do segundo semestre de 2015, o MAM-SP, Portão 3 do Parque

do Ibirapuera, convidou o artista Walmor Corrêa que apresenta a obra “Metamorfoses e

Heterogonia”, feita especialmente para o corredor de acesso entre o saguão de entrada e a

Grande Sala do museu.

 

A produção do artista destaca-se pela profunda pesquisa sobre temas históricos e científicos e

envolve o olhar do estrangeiro (através de cartas ou desenhos) sobre o novo mundo. Assim,

Walmor aproxima a relação entre arte e ciência e atribui verossimilhança às narrativas

fantásticas em solo brasileiro. Com diferentes técnicas e linguagens como desenhos, dioramas,

animais empalhados e emulações de enciclopédias, cartazes e documentos, Corrêa recria

histórias que vão dos mitos populares brasileiros (como Curupira e sereias) até os relatos dos

primeiros naturalistas viajantes dos trópicos.

 

Para o MAM, o projeto consiste numa interferência arquitetônica que dá acesso a um novo

setor fictício dentro do museu sob o termo Setor de Taxidermia. Na sequência, é encontrado

um grande diorama que representa o mapa do estado de São Paulo, com destaque para o

planalto, a serra e o litoral sul – locais por onde os jesuítas passaram, e que registra,

sobretudo, o caminho por onde o Padre José de Anchieta passou e, possivelmente, encontrou

os animais descritos e resignificados pelo artista.

 

O mapa conta com cerca de 15 animais empalhados dispostos sobre as possíveis áreas de

localização, confeccionados pelo artista por processo de metamorfose, unindo cabeças de

roedores a corpos de aves. É importante frisar que nenhum animal foi sacrificado para a obra.

Os corpos dos bichos estrangeiros foram comprados em lojas autorizadas para este fim.

 

“No mês de outubro, o MAM apresenta o 34º Panorama da Arte Brasileira que dá destaque a

artefatos arqueológicos pré-coloniais cujos significados são enigmáticos e referências

históricas. Para criar um diálogo maior entre as mostras, o MAM nos pediu a indicação de

artistas para ocuparem o corredor. Pensando nisso, é fortuito que tal projeto prepare uma

zona indistinta entre ciência e arte, pesquisa e narrativa, história e ficção, e o trabalho do

Walmor Corrêa oferece uma relação tênue com a exposição de outubro”, afirma Paulo

Miyada, um dos curadores ao lado de Aracy Amaral.

 

Metamorfoses e Heterogonia parte de um estudo de anotações sobre a fauna e flora

brasileiras encontradas em cartas escritas pelo padre José de Anchieta (1534-1597), que

identificavam espécies de pássaros inexistentes, cuja preciosa descrição refletia o pioneirismo

da observação de Anchieta, que era um exímio pesquisador. Ao invés de censurar os

equívocos, Walmor Corrêa propõe um desdobramento imersivo, dando a eles sustentação.

“Desta forma, crio seres empalhados e dioramas que atestam as descrições do século XVI, com

pássaros que se alimentam de orvalho e outros que são ratos com asas”, descreve o artista. A

obra constitui um recorte fictício de um museu de história natural e, ao mesmo tempo, dá

embasamento sobre a história real dos jesuítas no Brasil ao reproduzir o caminho percorrido

por Anchieta no estado de São Paulo.

 

 

Sobre o artista

 

Natural de Florianópolis, Walmor Corrêa cursou as faculdades de Arquitetura e de Publicidade

e Propaganda na UNISINOS (Universidade do Vale do Rio dos Sinos – São Leopoldo).

Atualmente, vive e trabalha em São Paulo. Participou da Bienal de São Paulo, em 2004; além

da Bienal do Mercosul e do Panorama de Arte Brasileira, do MAM, em 2005; foi recentemente

laureado com uma bolsa de pesquisa e produção pelo Smithsonian Institution nos Estados

Unidos; dentre outras exposições nacionais e internacionais.

 

 

De 07 de julho a 11 de setembro.

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