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AGENDA CULTURAL

Milan/Nassar: Infiltrações

Em sua quinta mostra na Galeria Millan, Vila Madalena, São Paulo, SP, Emmanuel Nassar ocupa mais que o espaço expositivo tradicional, infiltrando-se pelas demais áreas da galeria, explorando-as de forma a esfumaçar os limites autorais entre suas obras e as dos outros artistas que ocupam tais espaços. A mostra tampouco se restringe a apresentar apenas sua produção mais recente, colocando lado a lado trabalhos de diferentes períodos e em diferentes suportes (objetos, pinturas, chapas metálicas e desenhos), prezando pela ampla gama de novos significados que podem surgir a partir dessas relações.

 

Emmanuel Nassar se torna ainda mais ousado na exploração crítica dos mecanismos que sustentam o meio das artes (modus operandi que permeia sua trajetória desde os anos 1980). “Infiltrações” traz uma ampliação do repertório de apropriações e embaralhamentos de Nassar, que cita e se deixa citar por obras de outros artistas, criando uma espécie de jogo para o visitante e questionando o conceito de espaço individual, coletivo e autoral.

 

Procedimento que compartilha com uma série de artistas de sua geração, a apropriação de imagens pré-existentes, o esvaziamento de seu significado prévio e sua ressignificação (em geral como invólucro formal aberto a uma multiplicidade de significados, nenhum mais correto que o outro) são marcas do trabalho de Nassar. O artista paraense construiu seu universo poético a partir da contaminação entre a tradição erudita (especialmente a construtiva) e a imagética popular do norte do Brasil, aproximando ambas as linguagens, ao mesmo tempo em que permite que se questionem mutuamente, em espécie de eterno procedimento dialético.

 

Se, como foi dito pelo crítico Tadeu Chiarelli, Nassar esgarça “até o limite as bordas entre arte e antiarte, testando, nesse processo, a cumplicidade dos outros componentes do circuito e a complacência do espectador comum”, é justo dizer que, em “Infiltrações”, Nassar descobre novos limites tanto para essa fronteira quanto às relações que a envolvem.

 

Até 20 de abril.

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