Uma revoada de obras da artista Anna Paola Protasio ocupa as paredes da Galeria de Arte IBEU, Copacabana, Rio de janeiro, RJ, a partir de 10 de novembro, quando acontece a vernissage de sua nova exposição. A individual “Revoada” será composta por uma escultura-móbile com 140 peças de cerâmica pendendo do teto e 75 painéis que ocuparão todas as paredes da galeria, além de uma instalação feita com arames dourados e madeira.
A mostra tem curadoria do crítico de arte Cesar Kiraly e explicita o diálogo que a artista estabelece com a aspereza do material (lixas de pintura) e a poética de asas de pássaros (desenhos gráficos), indo ao encontro de “uma esperança quase que inatingível”, segundo a artista. A exposição é a 13ª individual de Anna Paolla, que trabalhou 20 anos com arquitetura e design de móveis. Com especializações em Desenho e História da Arte, desde 2006 se dedica às Artes Visuais.
“As paredes são tomadas. A imaginação aqui persevera e somos revestidos pela matéria áspera. Se há oposição? Ora, não é o liso ou o estriado, mas relevos muito pequenos organizados na pequena ofensa à ponta dos dedos cuidadosos. Para se mover nessa realidade é preciso desprezar a dor”, diz o curador da mostra, Cesar Kiraly.
“Protasio precipita a superfície negra por todas as paredes, mesmo a coluna estrutural é envolvida. Há algo bem ameaçador nesse ambiente de lixas apontadas contra o mundo. Se viradas noutra direção, se friccionadas com alguma vontade, reduziriam todas as imperfeições a pó”, completa.
Segundo a crítica de arte Marisa Florido Cesar, Anna Paola transparece em sua obra a herança construtiva da arte. Para ela, a artista introduz na abstração e rigor da geometria, elementos sensíveis que perturbam a rigidez das estruturas e a vontade de ordem e de universalidade da tradição construtiva.
“Muitos de seus trabalhos são erigidos com objetos saqueados do cotidiano e esvaziados de sua função utilitária, neste caso, ela utiliza lixas que são usadas para pintura de parede. Deslocados para o universo da arte, tais objetos repetidos e reestruturados, ou unitários, agigantados ou diminutos, pesados ou frágeis, compõem um repertório poético visual de sonhos e dores, ficções e memórias, solidão e temores. Revelam, enfim, entre o cálculo estrutural e o inesperado dos afetos, a insustentável leveza dos dias e dos seres”, diz Marisa.
Sobre a artista
Anna Paola Protasio já fez exposições individuais em museus e centros culturais do Rio de Janeiro, como Museu Nacional de Belas Artes, Casa França Brasil e Centro Cultural dos Correios. Em São Paulo, expôs no Museu Brasileiro da Escultura (Mube) em 2012, e nos Sescs das cidades de Bauru, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Ribeirão Preto. A artista também já teve suas obras expostas em galerias no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Nova Iorque,Cartagena (Colômbia) e em Genebra, na Suiça. Há, ainda, coletivas como 27º Salão de Artes Anuário Embu das Artes, em 2010, e a exposição “A Nova Escultura Brasileira”, que aconteceu no Rio de Janeiro, em 2012. Anna Paola Protasio é ganhadora de prêmio do Itamaraty e de um primeiro prêmio de escultura em Shangai, ambos em 2011, além do prêmio em Embu das Artes, em 2010.