Ativismo feminino é tema da exposição individual inédita – até 31 de maio – da artista visual, muralista e ilustradora Priscila Barbosa no Sesc Niterói, Rio de Janeiro, RJ. Retratos de mulheres mesclados a elementos vinculados aos afazeres domésticos com símbolos de insubordinação. Priscila Barbosa constrói a narrativa que compõe suas pinturas sobre tela, objetos pintados à mão e um mural de 15m² em “Ofensiva”, a partir do dia 18 de março. O intuito é provocar o espectador através da oposição: seus trabalhos refletem a pesquisa sobre a qual tem se debruçado nos últimos anos, acerca das fronteiras entre vida doméstica e pública, “dilema” que vem sendo incutido há séculos às mulheres.
“Criei imagens que à primeira vista sugerem a docilidade esperada do gênero feminino, reforçadas pelos tons rosados, uma característica da minha produção, mas que revelam atividades de insurgência e rebeldia. Pintar elementos da vida doméstica aliados a atividades revolucionárias sugere um diálogo entre a vida privada e a vida pública, uma forma de repensar os territórios que nos são oferecidos”, diz a artista. “A ideia é justamente burlar a separação entre o pessoal e o político, reafirmada pelo isolamento que sofremos quando relegadas à particularidade do interior de uma casa cuja manutenção nos drena há gerações”.
Pintar o doméstico, os utensílios de cozinha, a decoração artesanal em meio a afazeres que sugerem ações táticas revolucionárias e bélicas vislumbra um cenário em que a casa seja colocada como centro de atividade comunitária, de sociabilização e, principalmente, de coletivização do trabalho reprodutivo. Além dos trabalhos apresentados dentro da sala de exposições, será realizado um mural na parede externa, de maneira que a temática abordada rompa as fronteiras arquitetônicas e mantenha a discussão sobre o privado e o público. O muralismo é um dos pilares da carreira de Priscila Barbosa, que atua na arte urbana brasileira honrando as tradições do muralismo latino e levando discussões políticas para as ruas e espaços abertos.
Murais no “Le Colors Festival Paris” e “Les3Murs”
A iconografia da mulher revolucionária contemporânea com foco na América Latina é objeto de investigação da artista visual paulistana Priscila Barbosa há algum tempo. Em fevereiro, Priscila Barbosa, viu seu mural intitulado “Levante-se” repercutir no “Le Colors Festival Paris”, um dos maiores de arte urbana, que este ano ocupou 4.500m², reunindo cerca de 80 artistas do segmento. O trabalho permanece em exposição até dezembro de 2023 e propõe uma reflexão sobre a relação entre as mulheres do cotidiano na construção do feminismo e da postura revolucionária. Ela acaba de participar de outro grande projeto na França – o “Les3murs” -, que busca dar visibilidade a artistas latino americanos. Em “Latinas Fervilhando” a artista criou seu autorretrato em uma perspectiva de ataque, como se pudesse ser seguida pelos espectadores.
Sobre a artista
Priscila Barbosa é artista visual, muralista e ilustradora paulistana, graduada em Artes Visuais pela Belas Artes. Possui extensões em Masculinidades Contemporâneas, Feminismo Pós-colonial na América Latina e O Estado e o Corpo, todos pela PUC/SP. A artista é agenciada pela Aborda, a única plataforma brasileira de gestão de carreiras de artistas visuais no Brasil. Entre festivais que participou recentemente, vale destacar o Colors Festival (2023, Paris), Nalata Festival Internacional de Arte Urbana (2020, São Paulo), Jaguar Parade (2022, Nova Iorque) e Artecore – MAM (2018, Rio de Janeiro).