A artista Claudia Melli abre mostra inédita na Galeria Eduardo Fernandes, Vila Madalena, São Paulo, SP. Claudia Melli, que acaba de encerrar uma temporada de três meses no MAM-Rio, onde apresentou um recorte de sua carreira, expõe em São Paulo um trabalho totalmente novo em sua trajetória. Na mostra “E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música” Claudia Melli exibe uma instalação de 26 metros composta por 37 peças de tamanhos variados, unidas de maneira linear, ocupando toda a extensão da galeria.
A artista utiliza nas peças a mesma técnica dos últimos trabalhos, nanquim sobre vidro, e explora limites entre o desenho e a pintura, que remetem à fotografias. Claudia Melli usa lâminas de vidro onde encontrou seu suporte ideal. Ela o banha em nanquim diluído em água e desenha na parte de trás com nanquim. “O vidro tem sido o suporte que melhor responde à minha intenção de aproximar o desenho da fotografia. Para isso trago para o trabalho questões que são do universo da fotografia, como enquadramento, veracidade da imagem e principalmente a luz. A luz é potencializada pela transparência e reflexividade do vidro, características próprias desse material que está longe de ser um suporte passivo. Sua transparência deixa vazar o que está atrás, o tempo todo nos vemos e vemos o entorno refletidos quando observamos o trabalho,
Nesta instalação a artista conversa com o público sobre o humano. Ela conta que a linguagem do corpo ultrapassa as barreiras da língua, as barreiras culturais, é a fala mais potente e honesta que se pode ter. Usou como referência os movimentos de Pina Baush, coreógrafa e bailarina alemã, ícone e criadora da “dança-teatro” contemporânea, focada no elemento humano e na sensibilização e reflexão do público. “Quando comecei a pensar essas imagens tinha em mente como as individualidades se relacionam, se fragmentam, se conectam, desconectam, e seguem sendo únicas”, diz a artista. É notório, na história da arte, que fotógrafos tenham se inspirado na obra de grandes pintores e na forma como eles captavam a luz. Goya, Caravaggio e todo o impressionismo francês fazem parte dessas referências. A exposição “E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos pelos que não podiam escutar a música” percorre justamente o caminho inverso: o código fotográfico é o caminho para a artista chegar a seus desenhos.
Sobre a artista
Claudia Melli nasceu em São Paulo, onde morou até os 14 anos. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1980, onde construiu sua formação artística. Começou a se interessar por pintura no final dos anos 90 e passou a frequentar aulas no Parque Lage, de pintura, desenho, gravura, teoria, arte digital, entre outros. Claudia Melli vem traçando sua carreira utilizando o desenho, a luz, o enquadramento e o pensamento da fotografia. Já participou de exposições individuais no Rio de Janeiro, São Paulo e em Basel (Suiça), e recebeu em 2012 o II Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea. Seus trabalhos estão em coleções como o Instituto Figueiredo Ferraz; Coleção Gilberto Chateaubriand – MAM RJ; Coleção Banco Espírito Santo ; Artur Lescher; Heitor Martins e José Olympio Pereira.
Até 17 de outubro.